Vereadores lamentam desabamento de teto da Igreja de São Francisco
Jorge Araújo e Hamilton Assis cobram rigor na apuração dos fatos, resposta das autoridades e investimento na preservação do patrimônio histórico
O desabamento de parte do teto da Igreja da Ordem Primeira de São Francisco, conhecida como “igreja de ouro”, no último dia 5, no Pelourinho, repercutiu na Câmara Municipal de Salvador. Os vereadores Jorge Araújo (PP) e Hamilton Assis (PSOL) lamentaram o acidente que matou Giulia Panchoni Righetto, uma turista de 26 anos de Ribeirão Preto, São Paulo. Outras cinco pessoas ficaram feridas no acidente. Os parlamentares cobram rigor na apuração dos fatos, resposta das autoridades e investimento na preservação do patrimônio histórico e cultural da capital baiana.
A Igreja de São Francisco, um dos mais emblemáticos patrimônios históricos do Brasil, é gerida pela Ordem Primeira de São Francisco, enquanto o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atua na preservação do imóvel. Segundo informações, dois dias antes da tragédia, o frade Pedro Júnior Freitas da Silva havia alertado o Iphan sobre sinais de dilatação no forro do teto, solicitando uma vistoria que estava agendada para ocorrer.
O vereador Jorge Araújo cobrou rigor na apuração dos fatos. “É inaceitável que um patrimônio histórico tão significativo para Salvador e para o Brasil seja negligenciado a ponto de causar a perda de uma vida. Exigimos uma investigação rigorosa para identificar responsabilidades e garantir que tragédias assim não se repitam”, afirmou o parlamentar.
Por sua vez, o vereador professor Hamilton Assis cobrou resposta das autoridades e investimento na preservação do patrimônio histórico e cultural de Salvador. “Diante da tragédia, lamentamos profundamente o falecimento da Giulia Panchoni e somos solidários à família. A Igreja de São Francisco, com o interior revestido de ouro, é espaço de cerimônias de casamento e parada quase obrigatória para soteropolitanos e turistas que visitam o Pelourinho”, afirmou o vereador.
Ele também lembrou que, segundo o Iphan, a responsabilidade pela manutenção e gestão da Igreja e Convento de São Francisco é da Ordem Primeira de São Francisco. O Iphan informou em nota que “enquanto órgão de proteção do patrimônio cultural brasileiro, tem atuado na preservação do bem, com ações como o restauro dos paineis de azulejaria portuguesa, concluído em maio de 2023, e a elaboração do projeto de restauração do edifício, atualmente em andamento”.
Preservação
Conforme reforça o vereador, o cenário da preservação do patrimônio histórico na capital baiana requer um olhar especial: “É preciso apurar as responsabilidades do proprietário, que, no caso, é a Igreja, e de quem fiscaliza. Esse é um assunto muito importante, que envolve diversos setores e outras questões, incluindo a gestão pública de imóveis do Centro Antigo de Salvador”.
Hamilton Assis, que esteve no local do acidente juntamente com a vereadora Eliete Paraguassu (PSOL), defendeu a junção das gestões para assegurar a função social da propriedade urbana. “Os governos precisam estruturar seus órgãos de patrimônio e garantir a função social da propriedade urbana, com políticas para permanência da população negra e vulnerabilizada que vive e trabalha no território, porque são essas pessoas a memória e história do lugar”, defendeu.
Na semana passada, como lembrou o vereador, houve uma tentativa irregular de demolição de um prédio tombado na Ladeira da Preguiça. Ele destacou que os responsáveis, sem qualquer aviso ou documentação apresentada, alegaram estar autorizados, mas a comunidade fez a denúncia e evitou a obra.
A Polícia Civil da Bahia já iniciou investigações para apurar as causas do desabamento, e laudos periciais serão fundamentais para esclarecer o caso. A Defesa Civil de Salvador isolou a área para evitar novos riscos.
CMS