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Times diferentes

Não é só no Brasil que a economia está perdendo força. O dado de ontem do Banco Central mostrou o PIB estagnado, com alta em abril de 0,1%. Na América Latina, a taxa média de crescimento no primeiro semestre está sendo a mais baixa dos últimos cinco anos. Em países como Chile, Peru e México, a inflação subiu, mas o nosso crescimento é mais baixo, e nossa inflação, mais alta.
Pelas contas da consultoria inglesa Capital Economics, o crescimento médio dos países da América Latina no primeiro semestre será de 2%, o número mais baixo desde 2009. O Brasil está crescendo menos por motivos conhecidos: o consumo perde força e a indústria não se recupera, enquanto os investimentos continuam travados pela perda de confiança dos empresários e pela baixa taxa de poupança. De acordo com análise do Banco Fator, o IBC-Br, do Banco Central, mostrou que houve desaceleração do crescimento na taxa em 12 meses, de abril para maio, de 3,09% para 2,17%, depois de um período de leve recuperação (vejam no gráfico).
Na Argentina, a crise cambial e a inflação elevada provocaram retração no PIB do primeiro trimestre, pelas contas da Capital Economics. Chile, Peru e outros países exportadores de commodities sentem a desaceleração da China e a queda dos preços nos mercados internacionais. Quem se beneficia da nova conjuntura mundial é o México, que cresceu mais do quarto trimestre do ano passado para este ano, puxado pela relação umbilical que o país tem com a economia americana. A perspectiva de melhora dos EUA traz os mexicanos a reboque. A Colômbia foi o país da região que mais cresceu no primeiro trimestre, mas com a ressalva de ter sido impulsionada pelos gastos do governo, em período eleitoral.
A alta dos preços dos alimentos também atingiu os países vizinhos. No Chile, a inflação anual subiu para 4,7% em maio, bem acima da meta de 2% estipulada pelo Banco Central, com margem de tolerância de um ponto. Por isso, o BC chileno deve manter os juros em 4% este ano, mesmo com a redução do nível de atividade. No Peru, a taxa foi de 3,6%, também acima da meta estipulada entre 1% e 2%, enquanto na Colômbia a inflação subiu a 2,9%, na margem de tolerância, que vai de 1% a 3%.
Os números mostram que as taxas dos vizinhos são bem melhores do que as do IPCA brasileiro, que está em 6,37% em maio, mesmo com a defasagem dos preços da gasolina e da energia elétrica. Há inclusive o risco de que o IPCA estoure o teto da meta quando for divulgado o número de julho. Argentina e Venezuela são casos à parte com índices de preços na casa de 30% e 60%. Pontos fora da curva.
Em síntese, a América Latina continua dividida em três. No pior dos grupos, países como Argentina, Venezuela e Bolívia, com altas taxas de inflação, baixo crescimento e desconfiança internacional. No meio, encontra-se o Brasil, com enorme potencial, mas que vem decepcionando. Na linha de frente, países como Colômbia, México e Chile, que têm taxas de inflação e juros mais baixas e mantêm ritmo mais forte no PIB.
Por Míriam Leitão e Alvaro Gribel

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