Queda no desemprego não reflete mercado aquecido, diz IBGE
A taxa de desocupação de 4,6% em novembro entre a população brasileira, mostrada pela Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a menor da série histórica da pesquisa. A fila do desemprego está andando, não exatamente pela criação de novas vagas, mas sim, pelo aumento expressivo de trabalhadores que foram para a inatividade: desistiram de procurar emprego em novembro ou porque achavam que não conseguiriam a vaga ou porque têm promessas de trabalho para dezembro ou janeiro.
“Houve migração do contingente de desocupados para a população inativa. O que vai explicar as nuances dessa migração será a pesquisa de emprego de dezembro”, explicou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do instituto nesta quinta-feira (19).
“Dos 139 mil que deixaram de procurar trabalho, 14 mil conseguiram ocupação, os outros foram para a inatividade. Não se pode visualizar aumento da atividade, a desocupação reduziu em razão do aumento da inatividade. A população não economicamente ativa teve um aumento significativo em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2012: 801 mil pessoas entraram na inatividade, na maior variação na comparação anual desde o início da série”, disse o gerente.Enquanto a população desocupada – aquela que está à procura de emprego – diminuiu em 139 mil pessoas em novembro, comparando com outubro, a população ocupada manteve-se estável, com apenas mais 14 mil pessoas entrando no mercado de trabalho na mesma base de comparação. Os números mostram que os desocupados (1,1 milhão em novembro, queda de 10,9% em relação a outubro e recuo de 6,4% ante novembro de 2012) não passaram a integrar a força de trabalho – ao contrário, aumentaram o contingente da população não economicamente ativa, que somou em novembro 18,5 milhões de pessoas, 0,8% a mais que em outubro, e 4,5% maior que em novembro de 2012.
O quadro do mercado de trabalho se mostra desfavorável quando a população ocupada cai 0,7% na comparação com novembro de 2012, enquanto a população economicamente ativa cresce 1,3% na mesma comparação.
“A população ocupada, que vinha crescendo acima da população em idade ativa, agora está abaixo. Comparando com novembro de 2012, mais 554 mil pessoas entraram no mercado de trabalho, enquanto 170 mil vagas foram fechadas”, explicou Cimar.
Indústria
A indústria não tem colaborado para aumentar o ritmo do emprego no país. Ao contrário, demitiu 92 mil trabalhadores no país em novembro – somente no Rio foram 59 mil demissões, e 14 mil em São Paulo. Para Cimar, um dado preocupante uma vez que nesta época do ano a indústria poderia estar com desempenho melhor. Na comparação com novembro do ano passado, a queda no emprego na indústria foi de 3,9%. Em outubro esses indicadores também estavam em queda: -2,4% na comparação com o mês anterior e -3,9% na comparação anual.
“A indústria não está gerando vagas”, disse o gerente do IBGE.
Salário médio é de quase R$ 2 mil
Quanto ao salários dos trabalhadores, o valor médio ficou em R$ 1.965,20, o mais alto da série histórica – crescimento de 2% sobre outubro, quando atingiu R$ 1.927,48, e de 3,0% na comparação anual (R$ 1.908,41).
O rendimento dos trabalhadores subiu no Recife (4,8%), no Rio de Janeiro (4,1%), em Porto Alegre (1,8%) e em São Paulo (1,5%), em relação a outubro, caiu em Salvador (2,6%) e ficou estável em Belo Horizonte.
Na comparação com novembro do ano anterior, as altas foram vistas em Porto Alegre (8,9%), Rio de Janeiro (6,1%) e em São Paulo (3,1%) e as quedas em Salvador (8,3%) e em Belo Horizonte (0,8%). No Recife, ficou igual.
Para Cimar Azeredo, um dado importante é a melhora na qualidade do emprego: em um ano, o emprego com carteira assinada aumentou 3,1%, com mais 353 pessoas no trabalho formal. E o trabalho sem carteira assinada, no mesmo período, diminuiu 12,2%. Foram 306 mil pessoas que saíram da informalidade.
(G1)