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Assembleia Legislativa faz justiça ao devolver mandato cassado de Giocondo Dias

Imagem inline 1A devolução simbólica do mandato do deputado estadual constituinte Giocondo Dias, cassado pelo governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1948, marca a história da Assembleia Legislativa da Bahia pela reparação ao grande defensor da democracia e dos trabalhadores do Brasil. A afirmação foi feita pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT), proponente da sessão especial comemorativa ao centenário do Cabo Dias, e presidente da Comissão Especial da Verdade no parlamento baiano.
 “Estamos aqui para fazer uma reparação histórica ao deputado estadual Giocondo Dias, grande defensor da democracia e dos trabalhadores e trabalhadoras do nosso país. Homem que lutou, com muita dignidade, por uma sociedade mais justa e fraterna. A vitória política é nossa, dos que resistiram a ditadura militar e que hoje ajudam a revelar os verdadeiros heróis da pátria”, destacou Galo ante um plenário lotado por autoridades, familiares e simpatizantes de Giocondo Dias.
Essa foi à primeira de 14 devoluções simbólicas de mandatos cassados durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra (1946/51) e no período da ditadura militar (1964 a 1985), que serão feitas pela Casa, em data a ser definida pela Comissão Especial da Verdade.
Presente na solenidade, o governador Jaques Wagner destacou a importância de Giocondo para a liberdade e democracia no país. 
“Devemos sempre preservar o espaço do contraditório e o espaço da democracia! Giocondo Dias deve inspirar a todos pela idéias que sempre defendeu. Viva a liberdade! Viva à democracia”, emendou. Antonio Eduardo Dias, filho do homenageado, acompanhado de familiares, agradeceu pela reparação. “Esse é um momento histórico muito importante para nós e para os ideais de Giocondo”, disse. 
Giocondo Dias e Jorge Amado

Uma das referências da esquerda e dos movimentos sociais no país, Giocondo Dias foi cabo do Exercito, membro da Aliança Nacional Libertadora (ALN), comandante do governo provisório e revolucionário de quatro dias em Natal (RN), em 1935, membro do Partido Comunista do Brasil e, e a partir de 1960, dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Perseguido pela ditadura militar, o Cabo Dias foi o brasileiro que mais tempo viveu na clandestinidade, conta o jornalista e historiador Ivan Alves Filho, que autografou o livro “Giocondo Dias – Uma vida na clandestinidade”, antes da sessão.
O Cabo Vermelho, como também ficou conhecido, teve participação decisiva para que a liberdade de consciência e de crença fosse incluída na Constituição, através do inciso 6º do artigo 5º. Ela assegura o livre exercício dos cultos religiosos, além da proteção aos locais de culto e a suas liturgias no Brasil. Consultado por Jorge Amado, na época deputado federal constituinte por São Paulo, Giocondo Dias conseguiu convencer Luís Carlos Prestes para que a emenda fosse apresentada diretamente no parlamento sem passar pelo crivo do Partido Comunista, o que poderia inviabilizar a aprovação do substitutivo. Essa revelação foi feita por Jorge Amado no livro de memórias “Navegação de Cabotagem”, publicado em 1992. 

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