Então, diga se valeu
Por Jeremias Silva
Assistindo a uma peça publicitária que tem sido insistentemente veiculada na televisão pela administração municipal de Salvador, quase tive que recorrer à mente elefântica do Mr. Google. Fiquei impressionado com a qualidade das imagens, e de maneira semelhante, a minha indignação beirou a revolta.
Mas, porque me revoltar com uma gestão que a cada dia comete barbaridades com o dinheiro público? Meu pouco saber acadêmico já deveria estar acostumado a suportar tanta imbecilidade. O problema é que meu vasto conhecimento do pulsar das ruas (haja modéstia!) não permite aceitar que esse tal amor valeu demais.
Não direi que valeu! E querem saber por quê? Porque as realizações deste governo inerte que são demonstradas no bonito comercial não aconteceram. Faço apenas ressalvas aos avanços na educação municipal. Ponto mesmo.
Dizer que houve uma relação amistosa com os servidores municipais é uma inverdade, pois o anunciado plano de cargos e salários não foi cumprido pelo alcaide, o que motivou um dos seus diversos enterros simbólicos em frente ao Palácio Thomé de Souza. Será que os trabalhadores dirão que valeu demais?
Tive o desprazer de assistir a uma entrevista do atual prefeito onde ele repetia o seu mantra sobre as crianças das ilhas, os trens do subúrbio, o SAMU 192, as seiscentas praças. Será que valeu em oito anos de administração somente esses (in)significativos benefícios ao cidadão?
Caos e desrespeito no trânsito, transporte de massa insuficiente, crateras, lixo em via pública, isso sem falar em uma estúpida entrega da cidade aos interesses da especulação imobiliária. Será que esse amor valeu?
Minha sensação é de que não valeu nem um pouco ter apostado nessa administração. Ficou para trás, e não queremos que esse arremedo de político e seu grupo voltem a ocupar a nossa história de amor com nossa cidade.
Ainda bem que esse modelo ineficiente e infiel ao povo não vai poder se eternizar.
Então, diga se valeu!
Jeremias Silva é analista da política baiana