Transtorno bipolar atinge cerca de 8% da população brasileira
Dia 30 de março foi estabelecido como dia mundial desta patologia que precisa receber tratamento adequado e com base nas particularidades de cada paciente
Apesar dos esforços feitos pelos profissionais da área da saúde para desmistificar o debate das doenças mentais, o transtorno bipolar é um tema ainda cercado de preconceitos e informações incorretas.
Justamente para contribuir no processo de conscientizar sobre o problema, o dia 30 de março foi estabelecido como Dia Mundial do Transtorno Bipolar. O Transtorno Bipolar do Humor é um transtorno mental crônico e com alta prevalência na população geral. Estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros sejam portadores de formas clínicas e sub-clínicas do transtorno, o que corresponde a 8% da população.
O transtorno bipolar é ainda a sexta maior causa de incapacidade do mundo. A patologia é caracterizada por alterações de humor que se manifestam através da alternância entre episódios de depressão e de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade.
A médica psiquiatra da Holiste, Fabiana Nery, salienta que as oscilações de humor, como a alegria e a tristeza, são naturais e inerentes ao ser humano, e pontua que o transtorno bipolar tem sintomas particulares e incapacitantes.
“O paciente evolui com episódios diferentes, que não ocorrem do dia para noite. Em geral, temos episódios durando semanas ou meses. É um período de duração onde a pessoa se comporta quase todos os dias de maneira diferente do que era considerado o normal”, esclarece Fabiana.
Segundo a especialista, não existe um único fator que cause o transtorno bipolar, sabe-se que sua origem é multifatorial. Estudos apontam alguns fatos que podem estar relacionados à doença, como fatores genéticos, biológicos e experiências pessoais.
Conscientização necessária
O transtorno bipolar foi o tema escolhido pela Holiste Psiquiatria para a produção de um novo vídeo da série “Saúde Mental na ponta do lápis”, que tem como objetivo esclarecer e promover a saúde mental.
O tema escolhido foi o Transtorno Bipolar porque o dia 30 de março é o dia mundial desta patologia, que precisa receber tratamento adequado e com base nas particularidades de cada paciente.
A série “Saúde Mental na ponta do lápis” trata de assuntos relacionados aos transtornos mentais utilizando uma linguagem leve e lúdica, com o objetivo de levar mais informações para diversos públicos.
Atenta à realidade de que é preciso percorrer um longo caminho para ultrapassar os preconceitos que rodam o tema das doenças mentais, a Holiste promove ações para levar à sociedade o debate sobre o assunto e disseminar informações.
Os pacientes com Transtorno Bipolar apresentam episódios de rebaixamento ou elevação de humor, manifestações que podem variar de intensidade (desde uma alteração somente do humor, até episódios de alteração do humor associado a delírios, alucinações e ideação suicida.)
Frequentemente, pode-se levar alguns anos para definir o diagnóstico de transtorno bipolar, pois seus sintomas podem ser confundidos com os de outros transtornos mentais, como esquizofrenia, transtorno de personalidade borderline ou mesmo dependência química.
TRATAMENTO
O tratamento passa pelo diagnóstico correto, pelo acompanhamento psiquiátrico regular, pelo uso de medicações estabilizadoras do humor e pelo acompanhamento psicoterápico, associados a hábitos de vida mais saudáveis. Porém, em alguns casos a internação psiquiátrica se faz necessária para principalmente proteger o paciente de exposições sociais, físicas e financeiras ocasionadas pelos sintomas, e iniciar o tratamento medicamentoso, pois comumente nos episódios agudos, a crítica do paciente está reduzida ou ausente o que dificulta a adesão do mesmo ao tratamento.
“Dessa forma é possível ajudar o paciente a chegar à estabilização psíquica, a reconstruir os vínculos sociais, ritmos biológicos e a restabelecer uma rotina saudável a partir da construção do entendimento sobre o diagnóstico, tratamento e evolução do transtorno bipolar”, afirma a psiquiatra Fabiana Nery.
A família deve participar durante todo o tratamento, com o objetivo de compreender o diagnóstico para agir na construção do suporte familiar que favoreça a manutenção da estabilidade do paciente.
A Holiste realiza um programa psicoterapêutico multidisciplinar direcionado especificamente para o tratamento de pacientes com o Transtorno Bipolar e segue um programa terapêutico individualizado, estruturado a partir de atendimentos individuais, atendimentos em grupo, atendimentos familiares e grupo de família. O programa é dividido em três fases e é desenvolvido na Internação da Holiste e também a nível ambulatorial ou domiciliar. Todo o trabalho é realizado em parceria com o psiquiatra que acompanha o paciente.
Fases do programa
Na Fase Aguda, primeira do programa, geralmente o paciente está em plena crise maníaca ou depressiva. Nessa fase, o diagnóstico psiquiátrico e a adequação da medicação são ferramentas fundamental para a moderação dos sintomas. O trabalho psicológico é direcionado para a construção de um vínculo terapêutico com o paciente que possibilite auxiliá-lo na construção de um entendimento sobre sua crise, além de auxiliá-lo a lidar com a internação. Os atendimentos familiares ocorrem de forma mais intensiva
Na Fase de Estabilização, a diminuição ou remissão dos sintomas permite a participação do paciente de forma mais produtiva nos grupos de discussão sobre transtorno bipolar, nos atendimentos psicológicos agora voltados para a possibilidade de entendimento sobre o seu adoecimento, além dos atendimentos com foco na reconstrução das rotinas, possibilitando ao paciente construir uma crítica sobre os fatores desencadeadores de sua crise.
A construção de um suporte familiar é fundamental para prevenção de novas crises. Os atendimentos com a família agora focam na reconstrução da relação dos familiares com o paciente, estremecidas, ou até mesmo rompidas, por conta dos sintomas maníacos ou depressivos.
Por fim, na Fase de Manutenção, após a estabilização psíquica, ocorre a construção de um entendimento sobre a doença e a reconstrução dos vínculos familiares e sociais, chega o momento do paciente retornar à vida ativa de forma mais consciente, alerta para as questões que deflagraram seu sofrimento psíquico.
O objetivo dessa fase é a construção de um suporte ambulatorial, com acompanhamento psicológico e psiquiátrico, além da manutenção de uma rotina organizada após crise, diminuindo o risco de recaídas.