PMDB já admite mudanças no comando do partido na Bahia
As revelações da Operação Tesouro Perdido, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira, 5, devem precipitar o processo de renovação na direção do PMDB na Bahia, que desde a década de 1990 está sob o comando do ex-ministro Geddel Vieira Lima e de seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima.
A tese, admitida com reservas por peemedebistas, vem ganhando força desde que foi decretada a prisão de Geddel, no dia 3 de julho. Parlamentares, como o deputado estadual Hildécio Meireles, admitiram à época que o partido precisava se “oxigenar” e defendeu que caberia aos os filiados a “prerrogativa de reestruturar o partido”.
A preocupação geral, segundo apurou A TARDE, é amortecer os prejuízos da Operação Lava Jato à imagem do partido, depois que seu principal líder foi abatido, e nas eleições de 2018. Os deputados da bancada estadual do PMDB vão disputar a reeleição ou mandatos na Câmara Federal.
Um parlamentar que pediu o anonimato disse que se o PMDB não agir rápido pode “ficar desgovernado” na Bahia. “Geddel é uma liderança centralizadora. Esses acontecimentos tiram a legitimidade da sua liderança e enfraquecem Lúcio”.
Com a prisão do ex-ministro, o deputado estadual Pedro Tavares assumiu interinamente o comando do PMDB no estado. Liderança jovem, tido como autêntico gedelista, Tavares é um dos nomes citados, ao lado do também deputado estadual Luciano Simões, como um dos nomes possíveis de suceder os Vieira Lima no comando do partido.
Na quarta-feira, 6, ainda sob o impacto dos mais de R$ 51 milhões achados num apartamento de propriedade de um amigo do ex-ministro, o PMDB se recolheu e silenciou. Achar um parlamentar do partido na Assembleia Legislativa ou na Câmara de Vereadores de Salvador foi tarefa difícil. Quem se arriscou a dar as caras não escondia o abatimento.
No Palácio Thomé de Souza, o infortúnio vivido pelo PMDB, principal aliado do prefeito ACM Neto (DEM), é acompanhado com atenção por Neto e pelo vice Bruno Reis. O peemedebista foi indicado para o cargo por Geddel e assume a prefeitura caso Neto saia para concorrer ao governo.
Embora aliados do governador Rui Costa (PT), maior adversário de ACM Neto em 2018, apostem que as denúncias contra Geddel enfraquecem o democrata, Reis disse não acreditar nisso.
“Cada um é responsável pelos seus atos. A população sabe separar uma coisa da outra”, afirmou ele, ontem, ao participar da inauguração do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Mata Escura.
Pessoa de confiança de ACM Neto afirmou à reportagem que “é zero” a preocupação do prefeito com o caso Geddel. “A aliança com o PMDB continua forte. Se as denúncias se confirmarem também respingarão no PT, porque Geddel foi ministro de Dilma e Lula”, lembrou. (A Tarde)