Política

Doria volta de Nova Iorque mais candidato do que foi

A frase que conferiu notoriedade ao professor Eduardo Portela nos anos 80 do século passado aplica-se à perfeição a João Doria (PSDB-SP). Disse Portela quando era ministro da Educação do presidente João Figueiredo: “Eu não sou ministro, eu estou ministro”. Pouco tempo depois deixou o governo.

João Doria não é prefeito de São Paulo, eleito direto no primeiro turno da eleição do ano passado. Ele está prefeito. E ontem pela primeira vez, em visita ao prédio da agência de notícias Bloomberg, em Nova Iorque, admitiu sem pestanejar quando lhe perguntaram se aceitaria disputar a presidência da República no próximo ano:

– Respeitando a democracia, por que não?

Por democracia, entenda-se, conforme Doria fez questão de explicar: seria candidato se fosse escolhido pelo PSDB em prévias. O governador Geraldo Alckmin, que ambiciona também ser candidato, é, como Doria, outro que defende a realização de prévias pelo partido. Na mais recente pesquisa Datafolha, Doria apareceu na frente de Alckmin.

“Doria é um candidato natural porque os grandes tucanos estão em maus lençóis. O Alckmin, além da Operação Lava Jato, tem o problema dos trens [o escândalo do trensalão]”, observou o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília, em entrevista ao jornal espanhol El País. José Serra e Aécio Neves também respondem a acusações na Lava Jato.

Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos, pensa o contrário de Fleischer. “Existe uma fila partidária que costuma ser seguida”, disse ele ao El País. “Aécio tentou em 2014, agora é a vez de Alckmin. Todo o marketing que o Doria tem não se traduz em possibilidade dele se candidatar pelo PSDB, tampouco em votos”.

Doria mira na presidência da República, mas não descarta ser candidato ao governo de São Paulo caso o PSDB prefira Alckmin para a sucessão de Temer. Continuar prefeito poderá obrigá-lo a concorrer à reeleição, o que ele não desejaria. (Blog do Noblat)

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