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Ex-ministro diz a jornal que sofreu pressão de Geddel para liberar obra

O novo secretário de Cultura do governo federal, Marcelo Calero (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” que o motivo principal de sua saída da Esplanada dos Ministérios foi a pressão que sofreu do titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador no qual ele tinha comprado um apartamento. Calero pediu demissão do Ministério da Cultura nesta sexta-feira (18) e será substituído pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP).
Na entrevista, publicada na edição deste sábado (19) do jornal, Marcelo Calero relatou que passou a ser pressionado pelo colega de ministério logo depois de assumir o comando da Cultura, em maio. Um dos ministros mais próximos ao presidente Michel Temer, Geddel é presidente do PMDB na Bahia e tem influência na política local.
“Ele [Geddel] pede minha interferência para que isso acontecesse, não só por conta da segurança jurídica, mas também porque ele tem um apartamento naquele empreendimento. Ele disse: “E aí, como é que eu fico nessa história?”, contou Calero ao jornal, relatando conversa que teria tido com o ministro da Secretaria de Governo.
O empreendimento imobiliário, segundo Calero, foi embargado pela direção nacional do órgão em razão de estar localizado em uma área tombada como patrimônio cultural da União, sujeito a regramento especial. Os construtores, afirmou o ex-ministro à publicação, pretendem erguer um prédio com 30 andares, mas o Iphan autorizou a construção de, no máximo, 13 andares.
Embora a sede nacional do Iphan tenha barrado a construção, relatou Calero, a superintendência regional do órgão na Bahia elaborou um parecer técnico liberando a obra. O ex-ministro ressaltou ao jornal que tinha informações de que a direção da superintendência baiana do Iphan foram indicados por Geddel.
AGU
Em outro trecho da entrevista, Marcelo Calero disse que, diante da iminência de que o Iphan não iria liberar o empreendimento imobiliário baiano, ele passou a receber pressões de integrantes do governo para conceder a licença de construção ou enviar o caso para a Advocacia-Geral da União (AGU).
“A informação que eu tive foi que a AGU construiria um argumento de que não poderia haver decisão administrativa [do Iphan]. Isso significa que o empreendimento seguiria com o parecer do Iphan da Bahia, que liberava a obra”, afirmou o ex-ministro à “Folha”.
Calero também disse ao jornal que o titular da Secretaria de Governo acionou “vários interlocutores” para pressioná-lo a rever o embargo da obra.
‘Processo de fritura’
Marcelo Calero disse na entrevista que decidiu pedir demissão e contar as pressões que sofreu do ministro da Secretaria de Governo no momento em que se deu conta de que havia um “processo de fritura” para “macular” a imagem dele. O ex-ministro da Cultura classificou de “inacreditável” a pressão que sofreu de Geddel para rever o embargo da obra.
“A gota d’água foi quando fui procurado pela imprensa… Eu vejo isso de maneira objetiva: um agente governamental solicitou interferência de outro numa decisão técnica que lhe beneficiaria em caráter pessoal. Esse segundo agente não aceitou fazer essa interferência”, enfatizou.
A versão de Geddel
Em entrevista à Rede Bahia, afiliada da TV Globo, Geddel Vieira Lima negou que tenha pressionado o ex-colega de ministério a liberar um empreendimento imobiliário que está sendo construído em Salvador.
O titular da Secretaria de Governo admitiu que realmente conversou com Calero sobre o empreendimento, mas, segundo ele, foi para reforçar a importância de uma obra que garante centenas de empregos.
Geddel afirmou ainda que não entendeu a atitude de Calero de acusá-lo de ter feito pressão para liberar uma obra da iniciativa privada.(G1)

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