Condução de motos aquáticas preocupa banhistas da Ribeira
A 35 dias da chegada do verão, a circulação de motos aquáticas na Baía de Todos- -os-Santos já é motivo de preocupação para banhistas. Atualmente, há cerca de 2.800 veículos inscritos na Capitania dos Portos da Bahia (CPBA), e o movimento deles cresce na estação.
Não raro, é possível ver condutores agindo de forma irregular. Em apenas 45 minutos de observação, na última quinta-feira, na praia da Beira Mar – entre a Ribeira e o Bonfim -, a equipe de A TARDE flagrou sete.
“No final de semana, é muito pior. Mais de 30 jet skis ficam circulando próximo à beira da praia, fazendo pega. É uma confusão”, revela um morador, que prefere não se identificar por medo de represália. “Temos que ficar calados, porque até arma já mostraram para gente”, reitera.
As irregularidades flagradas por A TARDE recentemente foram: uso de bebida alcoólica, não utilização de colete salva-vidas, manobras radicais e velocidade acima de 3 nós (cerca de 6 km/h) na área de proteção ao banhista (limite de 200 metros da linha-d’água).
“Após esse espaço de proteção, o limite de velocidade e manobras é ilimitado e depende do bom senso do condutor”, explica Eldo Cancisso, instrutor náutico da Bahia Aventura Turismo e Transporte Náutico.
Abordagem
Um dos infratores, visto pela equipe de reportagem consumindo bebida alcoólica, foi abordado por embarcação da Capitania do Portos e notificado por não portar habilitação náutica. O condutor foi liberado para buscar o documento na beira da praia, voltou à embarcação da CPBA e teve permissão para seguir logo depois.
Capitão de fragata do órgão, Luciano Moraes explica que o condutor só foi notificado por falta da habilitação durante a abordagem porque, apesar de as lanchas da CPBA serem equipadas com etilômetro, o consumo de álcool só é verificado se os militares perceberem sinais de embriaguez.
Questionado pela equipe de A TARDE, outro infrator – que executou manobras radicais, com o filho como carona, na área de proteção ao banhista – admitiu: “Às vezes, a gente se passa em relação a esse limite de espaço”. Outros em situação irregular preferiram não falar sobre o assunto ou não saíram do mar enquanto a equipe estava no local.
A capitania alerta que o Regulamento da Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário prevê – a depender da infração – multas que variam de R$ 40 a R$ 3.200; apreensão da embarcação; suspensão da habilitação por até 120 dias; e, em caso de reincidência, cancelamento definitivo da permissão.
Riscos e paixão
Apesar da atuação da CPBA, acidentes acontecem. No último dia 7, por exemplo, um choque entre dois veículos na Ribeira matou Pedro Carvalho de Santana, 37. Causas e possíveis responsabilidades são investigadas pela CPBA.
Amigo de Pedro, o vendedor Igor Renan Marques, 22, é apaixonado por motocicletas, sentimento transferido para o mar, por isso escolheu a moto aquática.
“Pelo menos, ele morreu fazendo o que amava. Foi uma fatalidade, não podemos tornar a moto aquática um vilão, acidentes acontecem”, defende Igor, que tirou carteira de arrais amador há nove meses.
Segundo ele, os condutores precisam ser prudentes e se manter alertas: “As situações dependem de cada um. É preciso ter consciência e seguir as regras, porque fiscalização existe e eu sempre sou abordado”.(A Tarde)