Corte da meta fiscal não surpreende e corrói credibilidade, diz Moody’s
O corte da meta fiscal de 2015 para um déficit primário (despesas maiores do que receitas, sem contar os juros da dívida) para cerca de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) “não surpreende”, devido ao cenário que minou dramaticamente a consolidação do Orçamento, divulgou em nota a agência Moody’s nesta terça-feira (27).
“[A revisão da meta fiscal] corrói a credibilidade da fraca política fiscal do governo e ameaça enfraquecer a já debilitada confiança doméstica”, diz a agência.
“A mudança reflete o agravamento da recessão que causou a queda na arrecadação bem maior que as expectativas, erodindo as finanças do governo mais profundamento do que foi antecipado”.
De acordo com a Moody’s, a piora na tensão entre o Executivo e o Congresso impediu que o governo da presidente Dilma Rousseff obtivesse o apoio necessário para aumentar impostos e evitar uma repetição de uma severa deterioração fiscal neste ano.
A agência de classificação de risco rebaixou a nota do Brasil em agosto, mas manteve o grau de investimento (selo de bom pagador). O Brasil perdeu o selo concedido pela Standar and Poor’s recentemente, ao ser rebaixado para BB-, e perdeu um ponto na nota concedida pela Fitch, para BBB-, ficando a um grau de cair para o território especulativo.
A Moody’s prevê, ainda, que a economia brasileira vai encolher 1% em 2016, o que seria “uma melhora na contração de 3% prevista para 2015”, diz a agência. “Atualmente esperamos que o governo alcance um superávit primário modesto de 0,2% do PIB, ante projeções oficiais de 0,7% do PIB”.
Contudo, uma piora ainda maior na contração da economia poderia agravar a deterioração fiscal, levando a relação entre a dívida pública e o PIB para 68,5% até o fim de 2015, prevê a agência.