Sem reformas e com baixa produtividade, Brasil cresce pouco
Bom seria se fosse o contrário, mas o que se vê no Brasil de hoje é a combinação de inflação alta e crescimento baixo. Mas por que o país cresce pouco? Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC no governo Lula, um dos meus entrevistados na Globonews, a dificuldade está ligada à falta de reformas, à baixa produtividade, essas questões crônicas. De 2006 para cá, ele acha que o país se acomodou, parou de fazer reformas, deixou de se preparar para o futuro.
Schwartsman e o economista Fabio Giambiagi, membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp, estão lançando o livro “Complacência”, que troca em miúdos dilemas brasileiros e desfaz mitos. Para Giambiagi, a inflação alta, acima do centro da meta há muito tempo – agora até perto dos 6,5% – é um símbolo dessa complacência. Na visão de Schwartsman, o BC vem permitindo que a inflação fique perigosamente em torno de 6%, o que é arriscado.
O quadro é ruim porque o governo, qualquer que seja ele, tem gastado demais. São 30 anos de expansionismo fiscal, segundo Giambiagi. Ele acha que a democracia foi muito eficiente em vários aspectos, mas não foi capaz ainda de mostrar para a sociedade a importância de encaixar as demandas a um contexto de restrição orçamentária condizente com as necessidades futuras do país.
Durante a entrevista, que pode ser vista abaixo, eles mostraram gráficos interessantes sobre a queda da concentração de renda e o aumento da carga tributária nos últimos anos, por exemplo. Para os autores do livro, a estabilização da economia, no governo Fernando Henrique, foi um pontapé inicial na redução da desigualdade que, mais recentemente, está ligada à expansão do emprego. Sobre a pesada – e complicada – carga tributária, um dado importante: de 1994 a 2011, de acordo com eles, metade da variação do PIB foi tomada pelos impostos.
Para Giambiagi, o Brasil cometeu um crime histórico na área da educação. Para se ter uma ideia, enquanto 13% dos brasileiros de 25 a 34 anos tinham nível superior em 2011, na Coreia do Sul, eram 64%. O país deixou de investir nessa área, e o custo está aparecendo agora.
Os dois também falaram sobre o fato de o Brasil investir e poupar tão pouco. Na avaliação dos economistas, é preciso retomar a agenda de reformas.
Por Míriam Leitão e Valéria Maniero