Com risco de apagão, perda da Eletropaulo é ganho para CSN
A pior seca do Brasil em quatro décadas está trazendo de volta o fantasma do racionamento de energia e aumentando a receita de empresas como Fibria Celulose SA e Cosan SA Indústria Comércio.
Os reservatórios das hidrelétricas estão encolhendo em meio ao mais seco começo de ano desde 1972 e, do Morgan Stanley ao Citigroup Inc., passando pelo Banco Brasil Plural SA, os analistas calculam uma chance de 20 a 40 por cento de que ocorra um racionamento pela primeira vez desde 2001.
Enquanto as distribuidoras e os consumidores de energia enfrentam mais de R$ 9,6 bilhões (US$ 4,1 bilhões) em aumento dos custos, produtores com energia excedente como a fabricante de celulose Fibria, a Cia. Siderúrgica Nacional SA, ou CSN, e a processadora de cana-de-açúcar Cosan estão vendendo os estoques que sobram para reforçar os lucros em um momento de aumento dos preços spot.
O ganho dessas empresas resulta na perda das distribuidoras, já que empresas como Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo SA são forçadas a comprar essa energia a valores historicamente altos e depois revendê-la a preços com limites máximos estabelecidos pelo governo.
“O que acontece é que a alta do preço spot de energia gera uma oportunidade para a empresa vender o excedente de energia no mercado e ampliar (ligeiramente) as receitas nesse período, mesmo que a energia não seja seu core-business”, disse Ariane Gil, analista de agricultura e celulose da GBM Brasil DTVM em São Paulo.
“A Fibria é uma das empresas mais beneficiadas no setor de papel e celulose, pois produz energia excedente”.