Reunificação da Ilha de Itaparica : Ideias para uma nova história
Por François Starita
Podemos observar um movimento crescente na opinião pública dos moradores a favor da reunificação da Ilha de Itaparica em um só município.
Tecnicamente, aconteceram várias propostas e decisões que apontam que o Governo do Estado enxerga a Ilha como uma Unidade. Que seja na questão do transporte marítimo e terrestre, desenvolvimento econômico, urbanização (Plano de Urbanização Intermunicipal), segurança, saúde, educação e justiça.
Já era questionável no passado a divisão da Ilha em dois municípios. Apresenta-se hoje mais equívocada ainda, parecendo existir apenas para possibilitar a multiplicação dos cargos de vereadores e secretários e criar uma absurda rivalidade entre os dois municípios, objeto de politicagens sem fim.
Sem entrar muito nos detalhes técnicos do que significaria a reunificação, podemos já apontar alguns benefícios evidentes:
– Maior força nas negociações com o governo do estado sendo o município visto como um território com característica única na Bahia (ilha) e um número maior de eleitores.
– Melhor organização dos transportes marítimos;
– Melhor organização dos transportes terrestres;
– Melhor organização dos serviços de saúde;
– Melhor organização da educação;
– Melhor organização da ação social;
– Melhor organização do planejamento urbano e da fiscalização;
– Melhor organização da proteção do meio ambiente;
– Melhor organização do desenvolvimento econômico;
– Melhor organização da segurança pública;
– Redução dos custos administrativos;
– Redução dos custos políticos;
– Retomada da identidade comum nas esferas históricas e culturais, tornando-se destino turístico único.
Todos os moradores da ilha sairiam vencedores desta mudança, a Ilha voltaria a ser politicamente bem representada, ganhando força eleitoral numérica para eleger seus deputados e ter seus interesses representados no nível estadual.
Caso a reunificação não seja o caminho escolhido, temos o risco, já presente, de ver o município de Itaparica definhar-se cada vez mais. Perder representatividade, perder força política em negociações, perder estruturas e serviços como já vem ocorrendo sistematicamente e portanto tornar-se cada vez mais pobre, uma vez que Mar Grande, cada vez mais se posiciona como dinâmico centro econômico da ilha.
Com a chegada da ponte, a situação de Itaparica poderá se agravar ainda mais.
Contudo, existe outra opção, iniciada com a gestão de Cláudio Neves (2004 – 2008) mas infelizmente abandonada pelas gestões que seguiram: Aproveitar e potencializar os recursos do município de Itaparica – tamanho, localização, história, cultura, religiosidade, equipamentos turísticos existentes, patrimônio arquitetônico – para buscar um desenvolvimento diferenciado e original baseado na multiplicidade dos seguimentos do turismo nacional e internacional: Turismo Náutico, LGBT, turismo inclusivo, Terceira Idade, Sol e Praia, Cultural, Étnico Religioso, Esportivo, de Negócios, Gastronômico, Ecoturismo… a lista é exaustiva.
Uma escolha deste tipo precisa de coragem, determinação e da criação de uma secretaria realmente dedicada a essa tarefa, com pessoas qualificadas e com sentimento de pertencimento.
Será necessário captar recursos estaduais e federais, planejar, incentivar investimento, organizar, financiar, divulgar, formar, disponibilizar um orçamento próprio para a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico considerando-a como eixo estruturante da gestão, um lugar de inovação e de criatividade que conseguirá agregar todas as propostas da cidade com um único objetivo: geração de empregos e rendas para emancipar e dar dignidade ao povo itaparicano e permitir a juventude ficar, estudar e se desenvolver na cidade.
As propostas existem, falta a vontade e determinação política para acontecer.