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Ingresso aumenta 300% e espanta torcedor brasileiro

Violência, condições precárias dos estádios, futebol de baixa qualidade, consolidação do sistema pay-per-view… Muito tem se falado sobre os motivos que têm afastado cada vez mais os torcedores dos estádios brasileiros.
Nessa quinta-feira (12/04), porém, o instituto de pesquisa Pluri Consultoria divulgou dados que possivelmente podem ter encontrado o principal vilão: o preço abusivo dos ingressos.
O estudo realizado pela Pluri aponta que de 2003 até hoje, o preço médio dos ingressos dos clubes que disputam a Série A do Brasileiro sofreram um aumento absurdo de 300%. Há dez anos, cobrava-se em média R$ 9,50 pelas entradas mais baratas. Hoje, este valor é de R$ 38.
Para chegar aos cálculos foram considerados apenas os bilhetes mais baratos praticados pelos 20 clubes que disputam a elite, para adultos, sem promoção ou meia entrada.
Para efeitos de comparação, foi apresentada a evolução de outros indicadores e, pasmem, o preço dos ingressos supera o aumento de todos os outros. Constantemente presente na manchete dos jornais, o aumento do preço do litro da gasolina não chega nem perto da evolução dos ingressos. O combustível subiu “apenas” 30% no período.
Neste mesmo período, a renda média do trabalhador brasileiro cresceu “somente” 37%. Em 2003, o ingresso representava apenas 0,66% da renda mensal média do trabalhador brasileiro que era de R$ 1.423,00. Hoje, o bilhete mais barato vendido já é quase 2% da renda do trabalhador, que em média gira em torno de R$ 1.955,00.
Ingresso mais caro do mundo
A mesma Pluri Consultoria já havia divulgado recentemente um estudo mostrando que proporcionalmente, o ingresso brasileiro é o mais caro no mundo. Considerando a renda média mensal no país, se um brasileiro usasse todo seu salário para comprar ingressos conseguiria comprar 53 bilhetes.
Nem mesmo as principais ligas do mundo, têm ingressos tão caros. No Espanhol, o trabalhador conseguiria comprar 66 ingressos; no Italiano, 72; no Português, 77; no Francês, 138; e no Alemão, 155. No caso da Alemanha, um torcedor alemão, mesmo em uma liga cheia de estrelas internacionais, paga menos que a metade dos brasileiros.
Comparando com ligas de qualidade mais próxima do Brasileirão, o Brasil perde feio. No México, o trabalhador poderia comprar com seu salário 74 ingressos; na Argentina, 81; na Uruguai, 153. No Campeonato Uruguaio, o preço médio de um ingresso é de apenas R$ 15,86.
Uma das piores médias…
Coincidentemente, enquanto o Brasileirão tem o ingresso mais caro do mundo, possui uma das piores médias entre as principais ligas. Em 2012, a elite nacional teve uma pífia média de apenas 14.897 pagantes por jogo, com taxa de ocupação de apenas 44%.
O grande líder do ranking é o Alemão, com média de 45.083 pagantes por jogo e taxa de ocupação de 93%. Em seguida, aparecem Inglês (34.604 e 97%), Espanhol (28.400 e 74%), Mexicano (25.343 e 62%), Italiano (21.921 e 51%), Holandês (19.458 e 90%), Francês (18.863 e 70%), Norte-americano (18.700 e 88%), Segunda Inglesa (17.899 e 68%), Chinês (17.675 e 46%), Segunda Alemã (17.212 e 59%) e Japonês (16.572 e 52%).
Del Nero também tem culpa
Um aliado para cobrança de preços abusivos nos ingressos é a Federação Paulista de Futebol (FPF), do presidente Marco Polo Del Nero. Cerceando o direito dos clubes de cobrarem o preço que desejarem, a entidade exige um valor mínimo para os ingressos em suas quatro divisões estaduais.
Um jogo pelo Paulistão tem como ingresso mais barato R$ 40. Inclusive para jogos de péssima qualidade como um duelo entre União Barbarense x Atlético Sorocaba, em um estádio precário como o Antônio Lins Ribeiro Guimarães.
A situação é ainda pior nas Séries A2 e A3, cujo preço mínimo dos ingressos é de R$ 20. Mesmo que as divisões possuam jogos de qualidade quase varzeana como União São João x Palmeiras B. Na Segundona, o preço mínimo é de R$ 10.
(Tribuna)

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