Pensem na Salvador do Haiti
A cidade que se orgulha de ter dois times na primeira divisão do futebol nacional, de ter a construção de uma arena multi-uso, de ser uma das sedes da Copa do Mundo em 2014 e de ter um jogo da seleção nacional durante os jogos mundiais, ainda não acordou para viver a realidade de sua gente.
Hospitais e postos de saúde que mais parecem sucursais do inferno na terra, transporte coletivo deficiente, mendicância, crack, assassinatos à luz do dia em via pública, gente andando grandes distâncias a pé para se deslocar na cidade, vandalismo, portadores de necessidades especiais e idosos maltratados por calçadas cheias de obstáculos. Dignidade roubada.
Fica a pergunta: serão esses os legados deixados quando a bola deixar de rolar nos gramados? O que os gringos encontrarão na terra do axé? O que o mundo deixará por aqui? O que restará de nossa cidade após a Copa do Mundo?
Será que ficará um equipamento esportivo sub-utilizado? Será que os turistas brasileiros e internacionais conseguirão se comunicar com os policiais ou taxistas depois de serem roubados após o desembarque? Será que nossas meninas e meninos servirão ao famigerado turismo sexual? Ou será que ficaremos cercados por muros de quarentena enquanto as chaves da cidade estiverem nas mãos de Joseph Blatter?
Os legados negados ao povo da cidade continuarão antes, durante e depois da Copa do Mundo. O risco é acontecer o erro durante a geração das imagens e colocarem que os jogos estão sendo realizados em dois países: no Brasil e no Haiti. Pois o Haiti é aqui.(Teia de Noticias)
