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Calote na compra de carros já chega a 6%

A inadimplência na Bahia, que vem preocupando economistas e investidores, tem sido motivada por setores diversos. Sem o planejamento ideal, a realização de um sonho acaba tornando-se um pesadelo para a classe média quando o assunto é financiamento. 
Assim como houve a “bolha imobiliária” nos Estados Unidos, a falta de pagamento nos financiamentos de veículos tem crescido na Bahia.
Comprar um veículo sem planejamento pode resultar na devolução do bem ao banco, assim como na estabilidade da inadimplência no país, desde 2010.

De acordo com dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), no mês passado, o saldo do crédito para aquisição de veículos correspondeu a 4,7% do PIB nacional (estimado em R$ 4.266 trilhões), representando 29,3% do total do crédito destinado às pessoas físicas no Brasil. 

Apesar disso, a inadimplência de pessoas físicas na aquisição de veículos vem crescendo continuamente desde dezembro de 2010, quando estava em 2,5%.  O saldo de inadimplência no financiamento acima de 90 dias, apresentou nova alta de 0,2 p.p no mês de maio, atingindo 6,1%. Em maio de 2011, o saldo de inadimplência era de 3,6%.
Boa parte da atual crise econômica dos financiamentos de veículos decorre de vendas realizadas em 2010 e 2011, quando as taxas de juros eram menores e os prazos de pagamentos mais longos. Os que mais sofrem são aqueles que optaram pelo financiamento de 100%. “Em 2010, houve grande facilidade nos prazos, queda nas taxas de juros e pouca exigência das financeiras e bancos. 

Nesta época conseguiam comprar veículos sem entrada e com parcelas de até 90 meses. Durante este período o comprador começou a se endividar e como o carro não é um bem tão necessário, a taxa de inadimplências de financiamento cresceu”, explicou o economista da LCA Consultores de São Paulo, Wermeson França. 
Já a gerente de financiamento, Andreia Vale, garante que fatores pessoais também interferem no planejamento econômico do comprador. “Os motivos são diversos e inesperados. Às vezes pode ser um parente que ficou doente ou perda do emprego. Dessa forma, o cidadão não consegue arcar com o parcelamento do carro e fica endividado. Não temos como precisar quando a inadimplência começa”, explicou, em entrevista à Tribuna.
De acordo com o Procon, o desentendimento entre clientes e financeiras resulta em reclamações contra taxas abusivas e erros de contratos, porém o órgão não pode fornecer o número de registros por problemas no sistema local, conforme informou a assessoria. 

Em maio, conforme informou a Anef, a liberação de crédito durante o mês foi de R$ 7.626 milhões, o que representou um aumento de 13% no período de 30 dias e uma queda de 13,3% sobre o montante de crédito liberado em maio de 2011 (R$ 8.797 milhões) para aquisição de veículos financiados (CDC).
Com valor dividido em até 74 meses, financiamentos para veículos novos foram firmados, sem que o comprador tenha feito planejamento à longo prazo. Com o passar do tempo, as dívidas não puderam ser sustentadas e alguns veículos tornaram-se frutos de busca e apreensão, realizada pelos bancos. 
Segundo a Federação Nacional de distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave),  no mês passado  5.491.617 veículos foram emplacados no Brasil. Destes, 61% foram comprados a base de financiamento, conforme informou a Anef. 
Dos financiamentos realizados, 49% foram Crédito Direto ao Consumidor (CDC), 8% consórcio, 4% Leasing e o restante à vista.
Negociação é a melhor saída
Quando o trabalhador se vê embaralhado nas dívidas, dúvidas e medos atormentam e atrapalham a resolução dos problemas. Estando inadimplente, o consumidor deve procurar um especialista em direito bancário, que entrará com uma ação revisional, expurgando os juros ilegais do financiamento. 

É importante ressaltar que somente após seis meses de inadimplência, o banco pode retomar o veículo. Um processo é aberto na Justiça e a ação pode durar até dois anos para ser realizada. 
De acordo com a assessoria da Anef, dos veículos financiados, apenas 1% são retomados pelo banco. Inicialmente, são feitas negociações com o cliente, uma vez que os bancos não tem interesses em retomar os veículos. Caso o acordo não aconteça, a justiça é acionada e o veículo apreendido. 

“Caso o cliente perceba, mesmo antes de ficar inadimplente, que terá dificuldades para pagar, esta pessoa deve procurar a instituição financeira e procurar a melhor negociação para evitar a situação de inadimplência. Da mesma forma, se já houver parcelas em atraso, deve procurar a financiadora para verificar a melhor forma de ajustar o fluxo de pagamento”, ressalta Décio Carbonari, presidente da Anef.
Por conta da inadimplência, os critérios para financiamentos foram alterados, dificultando a compra e reduzindo a quantidade de empréstimos. Em consequência, a venda de automóveis também apresentou uma queda de 0,8% nos licenciamentos do primeiro trimestre deste ano.

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