Salvador teve a primeira quinzena de abril mais chuvosa dos últimos 30 anos
O volume de chuvas acumulado na capital baiana na primeira quinzena de abril é o maior registrado nos últimos 30 anos, segundo dados divulgados pela Defesa Civil de Salvador (Codesal). Para se ter uma ideia, os 15 dias iniciais deste mês contabilizaram 529,8 milímetros decorrentes dos temporais, superando os anos de 2010 (356,3 mm) e 1994 (276,7 mm), que ocupam as segunda e terceira posições na série histórica, respectivamente.
Além disso, neste mês já choveu na cidade quase o dobro do previsto pela média climatológica: a quantidade esperada para abril era de 284,9 mm. “Embora o volume de chuvas esperado tenha sido bastante superior, a cidade tem resistido graças ao trabalho de prevenção realizado pela Prefeitura durante os 365 dias do ano. E agora, nesse período de maior intensidade, temos dado respostas breves à população no atendimento às demandas provocadas pelas precipitações”, pontua o diretor geral da Codesal, Sosthenes Macêdo.
Ao longo desta semana, um sistema de baixa pressão (cavado) associado ao avanço de uma frente fria sobre o oceano Atlântico provocaram céu nublado com chuvas em intensidade moderada e, por vezes, forte em diferentes horários. A situação deve permanecer pelo menos até esta quinta-feira (18).
Até o momento, as cinco localidades onde mais choveu foram, nesta ordem: Pituba-Parque da Cidade, Ondina, Liberdade-Vila Sabiá, Calçada e Campinas de Brotas. Devido ao risco de deslizamentos de terra e previsão de continuidade de significativos volumes pluviométricos, ontem (16), a Codesal passou a atuar na cidade em “nível de alerta”, intensificando as ações preventivas nas ruas.
O órgão, inclusive, acionou sirenes nas comunidades de Olaria (Sete de Abril), Creche (Castelo Branco), Bosque Real (Sete de Abril) e Moscou (Castelo Branco) após registros de chuvas acima de 150 mm em 72 horas. O sistema é um alerta para que os moradores dessas localidades que vivem próximo a encostas procurem unidades de acolhimento disponibilizados pela Prefeitura em escolas municipais, até a cessação do risco.
Operação – A Codesal coordena a Operação Chuva na capital baiana em conjunto com outros órgãos municipais e atua em esquema de plantão 24 horas, atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199. Criada como medida de combate aos desastres naturais, sobretudo no período entre abril e junho, a iniciativa contou com uma série de investimentos em infraestrutura, tecnologia, limpeza e manutenção urbana em 2024.
As ações envolveram, por exemplo, ampliação do parque tecnológico da rede de monitoramento com aquisição de 20 estações pluviométricas e cinco estações meteorológicas; enlonamento de encostas, poda e plantio de árvores, dragagem de canais, desobstrução e limpezas de sistemas de drenagem. Também estão em construção no município 41 contenções de encostas. Outras 57 estruturas do tipo serão iniciadas.
Investimentos – Ao longo dos últimos anos a Prefeitura intensificou os investimentos para proteger a população durante o período das chuvas. Atualmente, são mais de 500 áreas protegidas, com 190 obras de contenções de encostas já realizadas e 300 geomantas implantadas.
Além disso, a administração municipal também adquiriu cinco estações meteorológicas. Como o nome sugere, esses equipamentos fazem uma análise meteorológica, da radiação do sol, da temperatura e da velocidade das rajadas de vento. Atualmente, a capital baiana conta com 112 pluviômetros, 15 estações geotécnicas, 14 estações meteorológicas, quatro estações hidrológicas, 14 sistemas de alerta e um radar meteorológico.
A gestão municipal também oferece uma rede de proteção social para famílias atingidas por consequências das chuvas, a exemplo do Auxílio Moradia e do Auxílio Emergência, concedido com o objetivo de garantir aos cidadãos e às famílias que sofreram perdas decorrentes de desastre ou calamidade pública o restabelecimento das condições mínimas de sobrevivência, no valor de até três salários mínimos.
A Prefeitura ainda oferece acolhimento às famílias que precisam deixar suas casas nos casos de acionamento das sirenes em áreas de risco. Nestes locais, as pessoas encontram alojamento imediato, em condições de salubridade, dignas e de segurança, para repouso e restabelecimento pessoal. No ato do acolhimento é disponibilizada a alimentação, kit de limpeza, kit de higiene pessoal e kit dormitório.
Reportagem: Thiago Souza
SECOM