Sem categoria

Paiva alfineta Gabigol e elogia atuação do Bahia: ‘Orgulho’

O Bahia perdeu o segundo jogo seguido pelo Campeonato Brasileiro. Dessa vez, para o Flamengo, em um jogo caótico na Arena Fonte Nova com cinco gols e duas expulsões – ambas para o tricolor. Mesmo com dois homens a menos no segundo tempo, o Esquadrão não se entregou e ficou perto do empate. Apesar dos 3×2 sofridos, o técnico Renato Paiva disse estar orgulhoso da equipe, e elogiou o desempenho dos jogadores.

“Um jogo que eu poderia resumir com uma palavra: orgulho. Acho que a torcida deve estar muito orgulhosa do trabalho que esses jogadores fizeram hoje aqui. Obviamente, com erros. Sabemos onde erramos. Sabemos que hoje, outra vez, os erros pontuais e os detalhes nos penalizaram em relação ao adversário. Em sentido contrário, não. Mas, de fato, a reação da torcida, no final, mostra muito o trabalho que os jogadores fizeram”, afirmou, em entrevista coletiva.

“Eu disse a eles que, em 23 anos como treinador, esse foi o jogo que mais me deu orgulho de ser treinador de uma equipe. E perdemos. Agradeci a eles, me fizeram sentir, enquanto treinador, muito orgulhoso”, completou.

Os três gols do Flamengo saíram de jogadas de bola parada. Matheus França e David Luiz marcaram após cobranças de falta, e Gabigol fez de pênalti. Paiva reconheceu os erros, mas avaliou o Bahia como melhor ao longo do duelo.

“Claro, cometemos erros nas bolas paradas. Mas estivemos sempre no jogo. O Flamengo fez os três gols de bola parada, mas nenhum de bola corrida. Nós estivemos sempre no jogo. Eu, mesmo com o 2×0 [a favor do Fla], não senti o jogo perdido. O mesmo com 3×1. Com o 3×2, senti que, a qualquer momento, íamos empatar. Senti o Bahia inteiro. Um Bahia, no seu coletivo, muito melhor no segundo tempo que o Flamengo”, avaliou.

O técnico mencionou a partida contra o Santos na rodada passada, quando um apático Bahia perdeu por 3×0 na Vila Belmiro. Contra o Flamengo, o comandante disse ter reconhecido sua equipe mais uma vez.

“Pedi aos jogadores que encarassem o jogo contra o Santos como um acidente que tivemos. Que fizessem daquilo a exceção, e não a regra. Hoje, voltei a reconhecer a nossa equipe no campo. Uma derrota muitíssimo amarga. Mesmo com nove, podíamos ter feito gols. O resumo que eu faço, para definir o jogo: orgulho. Acho que nós fomos superiores ao Flamengo do 11 contra 11 ao 11 contra 9. Mesmo com a superioridade toda, não conseguiram marcar”.

Paiva também foi perguntado sobre a arbitragem, muito questionada pelos torcedores. O treinador evitou render sobre o assunto, mas alfinetou o atacante Gabigol, do Flamengo. De acordo com Paiva, o jogador simulou o lance que gerou o segundo amarelo e, consequentemente, a expulsão de Kanu.

“Nos meus 23 anos de carreira, nunca falei de arbitragem. É uma profissão muito difícil. Hoje, é verdade, temos o VAR. Mas também é verdade que o VAR não pode interferir no lance do Kanu. A única coisa que eu, de fato… Quando nós falamos de fairplay, do futebol justo e limpo, um jogador como Gabigol, uma referência no Brasil, simular uma pancada na cara quando a pancada é no braço… Fico assim. Porque, se um dia um jogador do Bahia fizer isso… Às vezes, se atira demais ao chão quando pode-se tirar partido da jogada. É meu jogador e posso dizer. Não posso dizer isso ao Gabigol. Para o Brasil inteiro, não fica bonito. Expulsa um colega do campo”, falou.

O treinador admitiu que Kanu foi imprudente no lance e evitou criticar a arbitragem.

“Kanu é imprudente porque abre o braço, verdade. Quando se fala em justiça, jogar o jogo… Chamam de manha. Eu não gosto de ver, sinceramente. Mas não vou falar do árbitro. Tenho minha opinião, guardo para mim. Poderia estar aqui falando dos árbitros. Mas também tivemos erros grosseiros nas bolas paradas, que nos custaram gols. Erros nossos. Como vou falar do árbitro? Uma questão que não domino, e nem quero. Respeito muito, porque é muito difícil. Fico com a reação da equipe, com o que a equipe jogou, 11 contra 11, contra 10 e contra 9. Com estes jogadores que nos enchem de orgulho. Continuar trabalhando e buscar os três pontos contra o Goiás”.

O Bahia volta a campo na próxima quarta-feira (17), às 19h, quando visita o Santos na Vila Belmiro, pela partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Já o próximo jogo pelo Brasileirão será no sábado (20), mais uma vez na Fonte Nova, contra o Goiás, às 16h.

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Renato Paiva:
Alerta para defesa?
Jogamos contra uma equipe que tem individualidades do melhor nível do Brasil. Muitos, a nível mundial. É complicado manter a defesa sem ser vazada. Mas eles, de bola corrida, praticamente não nos deram problemas. Foram os detalhes da bola parada. Hoje, foram três – sendo um pênalti. Os outros, eram evitáveis. Claro, pesa no número de gols sofridos. Mas hoje é um passo à frente do que aconteceu contra o Santos. Quarta-feira, teremos direito à resposta, e espero que os jogadores deem uma resposta efetiva. Depois, contra o Goiás no sábado, mais uma vez aqui. Temos que continuar trabalhando defensivamente. Hoje, tivemos Ryan, que não jogava há muito tempo. No fim, acabamos com Thaciano e Acevedo de zagueiros. Temos que continuar trabalhando, e esperar que os detalhes nos ajudem a marcar mais gols e sofrer menos.

David Duarte e Acevedo no banco
David Duarte, por vir em uma sequência de jogos grande. E entendi que Vítor Hugo, que vem de doença, fez um jogo completo em Santos e já com níveis físicos já complicados na parte final. Hoje, jogando por dentro, iria cansar menos. Voltava com Rezende, que é muito importante na construção. É esse tipo de descanso que queremos fazer. Nico [Acevedo], na análise que fizemos do Flamengo, sentia que com Yago e Thaciano iríamos ter mais bola e mais critério na posse para chegar ao último terço. Que os espaços que o Flamengo nos dava permitiam fazer jogadas como fizemos no primeiro gol. Assim, precisava de um jogador com mais criatividade, com mais chegada à última linha do que um jogador de equilíbrio. Uma opção tática.

Impacto para a sequência de jogos
Em termos motivacionais, espero que impacte de forma forte no grupo. Eles têm que ter consciência do mal que fizeram na quarta – e eu também -, e do bom que fizeram hoje. Se há um crescimento de quarta para hoje, temos que aproveitar. Aproveitar o que fizeram de fantástico no campo, de organização, não deixar de ser equipe. A maior parte das bolas perigosas que o Flamengo teve foi em contra-ataque. Agora tem o impacto físico. Quarta-feira tem outro jogo. Acabamos com nove. Estou muito curioso para ver o GPS do Thaciano, do Jacaré, do Arthur. Impacto emocional do que fizemos em campo contra um adversário poderosíssimo. Vitórias morais não há, mas o Bahia foi melhor que o Flamengo do 1º ao 90º minuto. Menos nas bolas paradas.

Entrada de Ryan
Isso é o trabalho que fazemos quando podemos, diariamente. Ryan só joga hoje o que joga por ter sido um menino que tem trabalhado. Chávez e Bahia têm jogado, e ele continua ali. Ele sabe que tem um treinador que olha os meninos. Hoje, não tive dúvidas. Jogou o Bahia de início. Em função da lesão, entrou o Ryan e fez um bom jogo. Me surpreende, pelo impacto de jogar em uma Fonte Nova cheia, contra o Flamengo. Resposta extraordinária, me deu mais uma dor cabeça positiva.

Mudança tática
Mudança para o 4-3-3, quando você sente que precisa de algo na frente, põe um meia ou um jogador mais à frente. Jogo com linha de três, ainda não estamos preparados para encarar jogos de peito aberto com linha de quatro. Como muita gente pediu linha de 3 antes e eu dizia que não podia pôr, eu neste momento não conseguiria pôr a linha de três, agora sinto que linha de 4 tem que ser trabalhada. Estamos trabalhando os dois sistemas, 4-3-3 e 3-4-3. É alternativa que me dá, mais um homem no meio ou mais um na frente, sabendo que não vou expor atrás. Porque Jacaré é uma adaptação numa linha de quatro, um lateral em uma linha de quatro tem missões diferentes do que tem um ala no sistema de 3 zagueiros. Tem que ter a preocupação de equilibrar numa linha de 4, não pode entrar no segundo pau. Tem que ter domínio da linha. São coisas táticas que vamos trabalhando. Pode ser que Jacaré consiga assumir também uma linha de quatro. E quando sentimos que uma linha de quatro, seja quem for… Vou avaliar o Rezende. Quem não sabe onde ele joga vai dizer que é zagueiro. Estes detalhes, vamos fazer com progressão. Agora vou recuperar. Tivemos dois dias. Vídeo. Depois, teremos uma semana inteira, mais um momento para sedimentar outras coisas, para que o Bahia seja versátil. Que possa responder aos esquemas. Quero uma equipe equilibrada, que consiga ser ofensiva e defensiva.

Manter Rezende com amarelo foi corajoso ou arriscado?
Corajoso, serei sempre. Sempre serei corajoso na minha profissão. Minha ideia de jogo é sempre para frente, nunca para trás. Vitor [Hugo] também tinha amarelo. Rezende não jogou na Vila Belmiro, e Vitor Hugo chegou no intervalo muito desgastado. Analisando o quadro, tem também a saída de bola de Rezende. Quando estou perdendo, preciso de um zagueiro que interprete dentro dele o que tem de meio campo. Fui pelo descanso e pela saída de bola.

Torcida na bronca com centroavantes
Everaldo lesionado, Vinícius lesionado. O treinador tem que improvisar. Arthur foi trabalhado para 9, para ser uma alternativa diferente. Arthur é mais vítima do que culpado, porque o treinador, mediante as características, está trabalhando para ser 9, quando ele foi a vida toda um ponta. Que vinha para dentro e tem muitos gols. Avaliei sua mobilidade e capacidade técnica de finalizar. Hoje, tinha que encontrar soluções. Outra solução seria Ademir. Mas Arthur tem trabalhado de 9 esse tempo. Eu não vou inventar. Ademir seria uma emergência. Nós estamos trabalhando com os jogadores. Trabalhamos com o que temos, temos alguns lesionados. Continuar trabalhando com eles. Tem que ser criativo quando não tem as opções. O clube me quer aqui para tomar decisões, e tomo sempre decisões com consciência.

Como mudar o panorama de jogar bem e não ganhar?
Jogamos bem, não conseguimos triunfo porque não conseguimos fazer os detalhes a nosso favor. Temos finalizações, oportunidades claras, e não fazemos. Temos que melhorar nesses aspectos. Temos que melhorar nossa efetividade. Continuo lembrando que é um time em crescimento. Antes de começar o campeonato, dizia-se que o Bahia não ia fazer nem um ponto, que só ganhava estadual, que ia ser atropelado no Brasileirão. Em seis jogos, o Bahia foi “atropelado” pelo Santos. E por mais ninguém. O Botafogo está em primeiro e não nos atropelou aqui. E fomos superiores ao Botafogo. Eu disse que íamos fazer um campeonato de menos e mais, de oscilações, de uma equipe em crescimento. Vamos perder jogos, vamos. E também vamos ganhar jogos.

Cauly e Biel com dificuldades no momento defensivo. O que precisa corrigir?
Tocou num ponto importante, os homens de fora, efetivamente, têm que fechar por dentro. Às vezes, ficam mais abertos. É tempo e trabalho, porque eles não têm características defensivas. Eles fazem movimentos defensivos para a frente, de pressão, de ir. Mas, quando estamos em bloco, têm tendência a desproteger. Temos que trabalhar. As equipes estão precisando de finalizar pouco para nos fazer gols. Se nos fôssemos uma equipe que concedesse muitas oportunidades, eu diria que temos problemas defensivos graves. Isso não acontece. Nos detalhes, com exceção do Santos, sofremos gols. No dia em que te atropelarem, como foi com o Santos, vou dizer que temos problema grave. Neste momento, não temos. Sua observação é pertinente, porque esses dois jogadores que precisam ajudar um pouquinho mais. Temos que trabalhar. Identificado.

Coreio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *