Cartilha ensina a transformar dendê usado em sabão
Um manual de como as baianas e baianos de acarajé podem reaproveitar o azeite de dendê usado para transformá-lo em sabão artesanal foi lançado, na quarta-feira (15), pela Comissão de Emergência Climática e Inovação para Sustentabilidade da Câmara Municipal de Salvador. O vereador André Fraga (PV) participou do evento.
O lançamento da Cartilha da Baiana de Acarajé Sustentável ocorreu no Memorial das Baianas, em uma parceria com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba). A cartilha foi impressa e distribuída para as pessoas que participaram do evento. A versão online pode ser acessada no link bit.ly/download-cartilhabaiana.
“A ideia desse projeto surgiu durante evento na Universidade Federal da Bahia, que participei, no qual conheci a parceria que professores desenvolviam com a Abam, pesquisando o processo de fazer o sabão a partir do dendê como alternativa para o descarte. Depois do primeiro contato, procurei a equipe para saber como ajudar na divulgação. Chegamos, então, à cartilha”, explicou André Fraga, presidente do colegiado de Emergência Climática.
“Queremos que a cartilha seja uma solução simples, prática e democrática para o problema ambiental que é o descarte inadequado de grandes volumes de óleo. O sabão artesanal gerado pode servir ainda para gerar uma renda extra e ativar a economia circular”, defendeu a parlamentar.
Descarte
Professora do Instituto de Ciências da Saúde da Ufba e uma das coordenadoras da pesquisa que resultou na cartilha, Angela Machado Rocha conta que as quatro mil baianas de Salvador descartam, em média, 20 mil litros de azeite de dendê usado diariamente.
“A crescente consciência ambiental por parte da população tem feito crescer a procura por produtos de origem responsável e de cunho social”, disse a professora Angela Machado. Ela entende que o sabão de azeite de dendê reciclado poderá ser mais um souvenir baiano.
A presidente da Aban, Rita Santos, falou do reaproveitamento: “Infelizmente, nossa estimativa é de que apenas 1% das baianas utilizam os resíduos para a produção de sabão, enquanto as demais descartam em bueiros ou até mesmo na areia da praia”. O resultado são tubulações entupidas e contaminação do solo, das águas marítimas e das estações de tratamento de esgoto.
A baiana Angelimar Trindade é exemplo prático desse processo. Ela criou o sabão ecológico AcaraGEL e afirma produzir 250g de sabão a cada litro residual de dendê. O produto é vendido no seu tabuleiro junto com o acarajé.
Câmara Municipal de Salvador
(Foto: Visão Cidade)