Oncologista explica características do tumor de intestino anunciado por Simony
Ao anunciar em suas redes sociais o diagnóstico de um câncer de intestino, na tarde desta quarta-feira (3), a cantora Simony, 46 anos, alertou os fãs para a importância do diagnóstico precoce. Após perceber uma íngua e ser submetida a um exame de colonoscopia, a artista descobriu o tumor na parte final do intestino perto do ânus, do tipo epidermoide.
No vídeo feito ao lado do médico Fernando Maluf e postado nas redes sociais, Simony diz que está muito confiante no tratamento com quimioterapia e radioterapia, que deve durar 6 meses. A cantora pediu à imprensa para não fazer sensacionalismo, pois o objetivo da divulgação é alertar outras pessoas para que façam seus exames periódicos, incluindo a colonoscopia. O médico, que lidera a equipe para o tratamento, disse que esse é um tipo de câncer curável na maioria dos casos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, exceto os tumores de pele não melanoma, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comumente diagnosticado em homens e o segundo em mulheres no mundo. No Brasil, é o terceiro mais frequente de modo geral, segundo o Instituto Nacional do Câncer, que estima 40,9 mil novos casos no ano, com 20,5 mil óbitos, sendo 10,1 mil em homens e 10,3 mil em mulheres (2020-2022). Próstata e mama lideram a incidência no país, com 66 mil casos por ano cada. Na Bahia, a previsão é de 1.480 novos casos no ano, sendo 1.020 em Salvador (Inca). Já o tipo do tumor com o qual a cantora Simony foi diagnosticada é menos frequente, ficando abaixo dos 5% dos tumores gastrointestinais.
A oncologista Anelisa Coutinho, da Clínica AMO, esclarece que o câncer do canal anal, na maioria das vezes, é do tipo epidermoide e é menos comum do que os outros tipos de câncer situados no cólon ou no reto, que são do subtipo adenocarcinoma. “Os fatores de risco dos tumores intestinais são um pouco diferentes e o tratamento também é específico e relacionado com o subtipo histológico (seja epidermoide ou adenocarcinoma), para a localização (cólon, reto ou ânus) e para o estágio da doença”, diz a médica, acrescentando que dentre os fatores de risco para o câncer do canal anal está a infecção pelo HPV (Papiloma Vírus Humano), relacionada a mais de 80% dos casos.
Estilo de vida saudável – incluindo alimentação balanceada e rica em fibras -, exercícios físicos, combate à obesidade, ao tabagismo e ao excesso de bebidas alcoólicas, medidas preventivas para doenças sexualmente transmissíveis, como uso de preservativos e vacinação contra HPV, são sempre importantes, como destaca a oncologista. “Em relação ao carcinoma epidermoide do canal anal, podem estar entre os sintomas mais frequentes sangue nas fezes, dor ou desconforto na região anal, tumoração na região do ânus ou ínguas, fraqueza e anemia”, descreve.
Diagnóstico e tratamento
O câncer da região anal, que fica já na parte final do intestino, pode ser diagnosticado através do exame físico, assim como por exame proctológico (anuscopia), exames endoscópicos ou radiológicos em pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou através do rastreamento para assintomáticos e para os que pertençam a grupos com maior risco, como pacientes imunosuprimidos ou portadores de doenças relacionadas ao vírus HPV.
O rastreamento para o câncer colorretal em geral já está indicado a partir dos 45 anos para a população assintomática e idealmente através do exame de colonoscopia. Na colonoscopia, observa-se a parte interna do intestino grosso e também a região do canal anal. Quando há achado de alguma lesão/tumoração em qualquer parte do intestino até o canal anal, é realizada uma biópsia e a amostra retirada do tecido é submetida a análise para confirmação do diagnóstico. Muitas vezes, a biópsia de um tumor localizado na região anal pode ser realizada de maneira simples e rápida.
A oncologista Anelisa Coutinho explica ainda que o tratamento depende da localização e extensão (estágio) do tumor, bem como das condições clínicas do paciente. “Para os tumores epidermoides do canal anal a forma mais frequente de tratamento, com elevada taxa de cura, é a combinação de radioterapia e quimioterapia e, na maioria dos casos, sem a necessidade de cirurgia complementar”, esclarece. A médica alerta sobre a importância da vacinação contra o HPV, que já é fortemente recomendada na infância/adolescência, faz parte do calendário vacinal e está disponível no SUS.
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