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Controle da obesidade exige mudanças permanentes no estilo de vida

“Desconfie de milagres para vencer a obesidade, seja por meio de dietas ou medicamentos. Por ser uma doença crônica e multifatorial, o controle passa por mudanças no estilo de vida e por toda a vida”. O alerta é da coordenadora médica do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), a endocrinologista Regilene Batista, próximo ao Dia Mundial da Obesidade, 4 de março. Nesta data, o planeta chama atenção para a necessidade de conter o avanço da obesidade por impactar na redução da qualidade de vida e representar fator de risco para outras doenças.

Nem mesmo a cirurgia bariátrica – indicada quando o paciente não responde a outros tratamentos e há comorbidades – garante o controle da obesidade, se não for acompanhada por mudanças no estilo de vida. “A cirurgia opera o estômago, mas não opera a cabeça”, pontua a coordenadora do Núcleo de Obesidade do Cedeba, endocrinologista Teresa Arruti. Embora seja o sonho imediato de muitos pacientes, logo que chegam ao Cedeba, o encaminhamento para a cirurgia é precedido por dois anos de preparação com a equipe multidisciplinar, que define a indicação.

A pessoa com obesidade, segundo Teresa Arruti, tem problemas de autoestima, usando o alimento para vencer a ansiedade. Por isso, o tratamento passa pelo médico, nutricionista, psicólogo, psiquiatra e assistente social. “Mais que multidisciplinaridade, fazemos a transdisciplinaridade, em que os profissionais da equipe discutem conjuntamente a situação dos pacientes”, afirma.

De acordo com Regilene Batista, quanto maior o grau de obesidade, maior risco de outras doenças, como hipertensão arterial, diabetes, distúrbios do sono, doenças osteoarticulares e, pelo menos, dez tipos de câncer. “Vimos, na primeira fase da pandemia da Covid-19, como as pessoas com obesidade apresentaram quadro mais grave e, também, maior risco de morte. Apesar da complexidade da obesidade, parcela significativa das pessoas com o problema não se vê como doente”, observa.

Escolhas prejudiciais

Embora a obesidade seja multifatorial, “o estilo de vida, principalmente a partir do crescimento da indústria alimentícia, tem contribuído para o avanço da doença. São alimentos ricos em açúcar, sódio, bastante calóricos, bem diferentes da realidade das gerações que se alimentavam de forma mais saudável. A obesidade é o carro chefe de escolhas alimentares erradas. Vítimas desse enredo, as pessoas nem têm consciência dos prejuízos causados à saúde”, explica a coordenadora médica do Cedeba.

A endocrinologista Regilene Batista defende uma discussão ampla na sociedade sobre a necessidade da busca por alimentação saudável, ação que deve começar nas escolas com a oferta de alimentos saudáveis. “É preciso maior controle da publicidade dos alimentos para reduzir o estímulo ao consumo”, ressalta.

Também contribui para o aumento da obesidade o sedentarismo, como reflexo dos hábitos da vida moderna, que exige menos gasto calórico na rotina diária. Segundo dados do IBGE, a obesidade no Brasil saltou de 12,2 milhões para 26,8 milhões, de 2003 para 2019. A estimativa atual é de 96 milhões de pessoas, somando-se pessoas com sobrepeso e obesidade.

A obesidade é diagnosticada com o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Divide-se o peso (em Kg) do paciente pela sua altura (em metros) elevada ao quadrado. De acordo com o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o resultado fica entre 18,5 e 24,9 kg/m2, o peso é considerado normal; entre 25,0 e 29,9 kg/m2, sobrepeso; e, acima deste valor, a pessoa é considerada obesa. Pelo o  IMC, o grau de obesidade é classificado em: leve (classe 1 – IMC 30 a 34,9 kg/m2), moderada (classe 2 – IMC 35 a 39,9 kg/m2) e grave  (classe 3 – IMC ≥ 40 kg/m2).

Ascom do Cedeba

(Foto: internet)

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