O poder
Como uma onda que vai e vem, o poder político se manifesta em gestos simbólicos: um tapinha no peito, um abraço apertado, um sorriso largo ou um aperto de mão prolongado. Essas atitudes, frequentemente observadas em reuniões e encontros políticos, são formas de demonstrar força e aliança. O sorriso mais aberto, o aperto de mão mais firme, o tapa no peito mais intenso – todos esses gestos tentam transmitir superioridade, controle e uma posição de destaque no momento. Contudo, tudo isso é passageiro, como a própria onda que chega à praia e logo se retira.
Essas demonstrações de força geram, por vezes, uma falsa sensação de poder. Quem está no centro desses gestos acredita ser invencível, estar no topo, acima de todas as situações. Mas, frequentemente, essa crença não passa de ilusão. O verdadeiro poder não está no gesto exibido ou na aparência de superioridade, mas naquilo que vai além do que os olhos podem ver: no impacto duradouro que se constrói no coletivo.
A política sempre teve, e sempre terá, dois lados. Demonstrar força não significa estar em aliança genuína, muito menos viver em consonância com valores coletivos. A política, em sua essência, é um jogo complexo, no qual os interesses pessoais muitas vezes se sobrepõem ao bem comum. E isso acontece porque é conduzida por homens, que muitas vezes buscam apenas alimentar sua sede de poder, sem medir as consequências ou considerar quem será prejudicado em seu caminho.
O verdadeiro poder não está em gestos vazios como tapinhas, sorrisos ou abraços. Ele reside na capacidade de unir, agregar e construir algo maior. Está em saber somar, multiplicar e, acima de tudo, dividir para que todos possam crescer juntos. É no aprender a “diminuir” – a reconhecer a necessidade de servir e observar – que o poder genuíno se revela.
O poder autêntico não se impõe; ele se edifica em pilares sólidos. Não é exibido em demonstrações de força efêmeras, mas na capacidade de inspirar, transformar e contribuir para o bem coletivo. O poder que precisa ser provado constantemente é, na verdade, uma evidência de que ele não existe.
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