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Vereadores contra comércio da loja Hangar das Artes

O racismo não dá descanso. É o que acredita a vereadora Ireuda Silva (Republicanos), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice da Comissão de Reparação. Desta vez, a loja Hangar das Artes, no Aeroporto de Salvador, foi flagrada por um turista vendendo estatuetas representando mulheres e homens negros escravizados.

“Racismo puro, sem o menor pudor e com o maior descaramento. Como pode uma loja, localizada numa das cidades mais negras do mundo, na cidade que mais participou do tráfico de escravizados no Brasil, vender produtos que homenageiam um passado tão trágico? O Ministério Público precisa apurar esse caso o quanto antes”, diz Ireuda.

O mandato Pretas por Salvador emitiu nota de repúdio à loja na manhã de terça-feira, dia 8. Em entrevista à Rádio Educadora, a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL) mencionou sua repulsa. “Recebemos essa notícia de forma muito assustadora, enfim, pensar que estamos em 2022 onde a gente tem debatido cada vez mais negros e negras em diversos espaços de poder e tentado avançar em políticas públicas, a gente ainda tem algo que é dito falsamente que é arte”.

O vereador Sílvio Humberto (PSB) também manifestou repúdio contra a loja Hangar das Artes. “Quando uma pessoa se dá ao trabalho de reproduzir essas figuras, de colocar escravos de cerâmica à venda, é um comportamento típico do racismo que não reconhece e retira a nossa humanidade. Isso mostra como o racismo é normalizado em nossa sociedade, chegando a ser vendido como se fosse uma lembrança, algo que não provoca dor”, bradou o vereador.

Humberto defende um boicote à loja e orientou que a denúncia fosse feita junto ao Ministério Público Estadual (MP-BA).  “A cidade mais negra fora de África precisa urgentemente assumir o compromisso com seu povo e isso perpassa em entender as histórias, as narrativas e memórias negras”, concluiu.

O presidente da Comissão de Reparação da Câmara, vereador Luiz Carlos Suíca (PT), considerou o assunto racismo e intolerância religiosa. Na terça-feira (8), o vereador defendeu o jogador do Flamengo, Gabriel Barbosa, conhecido como Gabigol, que foi chamado de “macaco” durante jogo do Flamengo (seu time) contra o Fluminense, domingo (6).

“É um incômodo social profundo que sinto diante desses casos. Nosso mandato vai acompanhar os dois episódios. Primeiro, queria evidenciar que a loja colocou as réplicas de cerâmica de negras e negros escravizados à venda e na tentativa de se retratar, cometeu mais um crime além de racismo, a intolerância religiosa”, aponta Suíca. De acordo com a justificativa da loja, os objetos não se referem aos escravos e sim à figura do ‘Preto Velho’.

“Outro erro! Não se pode desmerecer um representante da religião de matriz africana, para justificar um erro de colocação de peças que representavam os escravos. O erro está em coisificar algo que trouxe sofrimento e dor, como um bibelô e, para além disso, tornar uma entidade religiosa algo de menor importância histórica para justificar um erro de apresentação”, acusa o vereador Suíca.

Câmara Municipal de Salvador

(Foto: Visão Cidade)

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