Pessoas sem vacinação completa são 90% dos internados com covid, diz estudo
Um estudo realizado pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas de São Paulo, referência no atendimento de doenças infecciosas no estado, revelou que cerca de 90% dos pacientes internados no hospital com covid-19, entre janeiro e a primeira quinzena de setembro deste ano, não haviam completado o seu esquema vacinal. Dos 1.172 pacientes pesquisados, 1.034 não estavam completamente imunizados.
De acordo com o infectologista Jamal Suleiman, que divulgou os dados em uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira (26), desses 1.172 casos identificados na pesquisa, 274 morreram. Deste total, 237 não haviam recebido nenhuma dose da vacina, 21 somente a primeira dose e 16 haviam recebido as duas.
Embora os dados ainda tenham que passar por um tratamento estatístico, os números reforçam evidências já reveladas em outras pesquisas sobre a eficácia da vacinação para redução da hospitalização e óbitos. “A gente não consegue proteger todas [as pessoas] – afirmou Suleiman – “mas o máximo de proteção, no máximo de indivíduos.”
Reforço na imunidade
Falando ao G1, a médica Ana Freitas Ribeiro, também do Hospital Emílio Ribas, destacou que os resultados do estudo podem ser úteis para aquelas pessoas que ainda tenham algum tipo de dúvida sobre tomar ou não sua vacina, ou que estejam com o calendário atrasado. Para a profissional de saúde, “tomou primeira, falta segunda, falta reforço – que procurem as unidades de saúde e façam sua vacinação.”
Falando sobre a dose de reforço em idosos e profissionais de saúde, que foram os primeiros vacinados no país, Suleiman enfatiza que, para evitar internações hospitalares e mortes por covid-19, “é fundamental que as pessoas acorram aos postos de saúde para receber esses agentes imunizantes.”
Além de o reforço ser crucial face o surgimento de mais de 25 sublinhagens da variante Delta no país, o infectologista chama a atenção para o chamado fenômeno da imunossenescência. Consequência do envelhecimento, essas alterações imunológicas presentes no organismo dos idosos causam uma suscetibilidade mais elevada às infecções respiratórias, neoplasias, e doenças autoimunes e cardiovasculares, além de uma queda natural na proteção das vacinas após seis meses.
(Tecmundo)
Foto: Itamar Crispim