Alunos podem levar até 11 anos para recuperar aprendizagem de matemática
O governo de São Paulo estima que serão necessários de 1 a 11 anos para recuperar o aprendizado em português e matemática na educação básica da rede pública do estado perdido durante a pandemia do coronavírus. O desempenho dos alunos recuou para patamar similar ao visto 16 anos atrás, de acordo com um levantamento da gestão estadual divulgado nesta terça-feira (27).
Para medir o impacto do ensino à distância, provas foram aplicadas presencialmente a 20 mil estudantes do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental, e do 3º ano do Ensino Médio. Foi constatada uma queda geral de aprendizagem na comparação de 2019 com 2021, antes e depois da pandemia.
Para levar o patamar de aprendizagem aos níveis de 2019, os pesquisadores estimam, com base no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que serão necessários:
- 3 anos para que os alunos da 5ª série recuperem a aprendizagem perdida em Língua Portuguesa;
- 11 anos para que os alunos da 5ª série recuperem a aprendizagem perdida em Matemática;
- Mais de 1 ano para que os alunos da 9ª série recuperem a aprendizagem perdida em Língua Portuguesa;
- Mais de 3 anos para que os alunos da 9ª série recuperem a aprendizagem perdida em Matemática;
- Mais de 2 anos para que os alunos do 3º ano do Ensino Médio recuperem a aprendizagem perdida em Língua Portuguesa;
- Mais de 3 anos para que os alunos do 3º ano do Ensino Médio recuperem a aprendizagem perdida em Matemática.
O estudo levou em conta que nos anos iniciais do ensino fundamental, para chegarmos ao patamar de aprendizado de 2019, precisamos crescer 11 vezes em matemática do que normalmente os estudantes aprendem em um ano, por exemplo.
Recuo até 16 anos atrás
No caso das provas de língua portuguesa na 5a série, houve uma constante evolução, ainda que leve, até 2019, quando houve uma queda de 3 pontos no sistema de pontuação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Já em 2021, durante a pandemia, houve uma nova queda, mas de 29 pontos. O resultado é o mesmo apresentado uma década atrás, em 2011.
Na mesma 5a série, mas analisando as provas de matemática, o recuo foi ainda mais grave. O período entre 2019 e 2021 registrou a primeira queda de aprendizagem em 10 anos, e um declínio que alcançou os patamares de 2007, 14 anos atrás.
O desempenho em matemática maior impacto do que em português nas 3 séries analisadas – 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, e 3º ano do Ensino Médio.
Os alunos do 3º do Ensino Médio apresentavam queda gradual no desempenho com os cálculos ano a ano, mas os recuos não ultrapassavam os 5 pontos no Saeb. Entre 2019 e 2021, contudo, a queda foi de 19 pontos, alcançando um nível de desempenho só visto 16 anos atrás, em 2005.
Como recuperar?
O objetivo do estudo era justamente entender quanto os estudantes precisam avançar neste ano letivo para alcançar o mesmo resultado de seus colegas de dois anos atrás.
“O primeiro remédio a ser aplicado nessa situação é entender o tamanho do problema e como a gente pode agir. O esforço tem que ser da sociedade, de todas as autoridades, de todo mundo que está envolvido nesse processo, para que realmente a gente possa recuperar, para que a escola realmente volte a estar à disposição, especialmente para os que mais precisam”, disse o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares.
Nesta terça, o secretário apresentou as ações que a pasta empreende para mitigar os efeitos da pandemia sobre a aprendizagem:
O retorno às aulas presenciais, com investimentos em itens de segurança sanitária (álcool em gel e máscaras) e mudanças na distribuição de orçamento para as unidades;
Programa de Recuperação e Aprofundamento e Projeto de Reforço e Recuperação, com ampliação da carga horária e ampliação do corpo docente;
expansão do Programa de Ensino Integral (PEI). Segundo o governo, a quantidade de escolas do programa triplicou desde 2019, de 417 para 1.077;
melhorias no Centro de Mídias da Educação, que, segundo o governo permitiu que os acessos dobrassem pelo aplicativo neste primeiro ano em funcionamento;
Programa Além da Escola, com entrega de chips de internet e manutenção do ensino híbrido para permitir ampliação da carga horária diária para mais de 1h por meio da tecnologia
(G1)