Política

Mandato Pretas Por Salvador e o acesso da mulher à saúde mental

O mandato coletivo Pretas Por Salvador participou da audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher que trouxe o tema “Saúde da Mulher em Tempos de Pandemia”, quinta-feira (4). A atividade faz parte da programação de março, em comemoração ao Mês da Mulher.

Na programação de audiências públicas do mês, a próxima atividade acontece no dia 11 de março com o tema “Trabalho e Situação Econômica da Mulher na Pandemia”. O debate deve ser transmitido pelo Facebook da Rádio e TV Câmara e pela TV CAM, no canal digital 12.3.

Participaram da audiência mulheres de diversos espaços que trouxeram falas representativas sobre a importância da alimentação saudável e a prática de atividade física como fatores importantes para evitar complicações da Covid-19.

A co-vereadora Laina Crisóstomo (PSOL) pontuou o difícil acesso à saúde que muitas mulheres enfrentam. “Nós somos estimuladas por uma sociedade patriarcal que nós devemos cuidar de todas as pessoas e quando a gente precisa de cuidado e acolhimento é tudo muito mais difícil. É preciso pensar nesse acesso à saúde para as mulheres, especialmente, para as mulheres diversas. Eu sou uma mulher negra, lésbica e o acesso para mulheres lésbicas e trans é ainda mais diferenciado”, disse a vereadora.

Laina afirmou que as consultas não são inclusivas. “Para as mulheres lésbicas, por exemplo, não existe uma política que dialogue com elas. Chegamos ao ginecologista e a primeira pergunta que se faz é: ‘Qual é o método contraceptivo que você usa?’ Isso é muito perverso, em um local que deveria ser de acolhimento”, considerou.

Para a parlamentar, é preciso pensar na saúde da mulher cotidianamente, mas, em tempos de pandemia, isso se faz ainda mais necessário. Ela também pontua a necessidade da formação de um serviço de saúde para comunidade de mulheres marisqueiras e quilombolas.

“Existem pesquisas que mostram que os espaços que incentivavam o acesso aos métodos contraceptivos precisaram fechar por conta da pandemia. Além disso, com a pandemia houve sucateamento do serviço de aborto legal em todo o Brasil. Como as mulheres vão ter saúde mental com tanta sobrecarga? Criou-se um mito das ‘supermulheres’ e isso é ‘adoecedor’ e afeta não só a saúde mental, mas a saúde na sua integralidade e na vida das mulheres”, conclui Laina.

Marisqueiras

“A situação das águas nunca foi pautada nesse município de forma devida. Em Salvador, são 41 mil pescadores que vivem exclusivamente da pesca. Somos do bairro ferroviário, mas nosso modo de vida sempre foi muito diferente e a gente precisou fazer formação para que os profissionais de saúde conseguissem entender as especificidades dessa população. Somos uma população que movimenta a renda, mas somos invisibilizadas”, disse a marisqueira, coordenadora da colônia de pescadores Z-4 e integrante do mandato das Pretas Por Salvador, Eliete Paraguassu.

A marisqueira destaca que a Ilha de Maré é um território que está sofrendo um sério processo psicológico. “Tudo o que acontece aqui é a partir de uma luta, de um movimento ou denúncia para que a gente seja visto”, destacou.

Eliete Paraguassu relatou, ainda, como a falta de renda afeta a população. “E, como tratar da saúde mental dessas mulheres com tantos direitos básicos cortados como auxílio emergencial e Bolsa Família cortados? Não temos, por conta da pandemia, condições de ir para nossas feiras livres ganhar o nosso dinheiro e ninguém fala disso, sabe? Somos um povo que equilibra o turismo de Salvador e ninguém olha para gente. Isso é racismo ambiental”, desabafou a integrante do mandato coletivo.(CMS)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *