Artigo: Aprimorar e fiscalizar a vacinação até a imunização completa da sociedade
Marta Rodrigues
O editorial do jornal A Tarde do dia 15/02 trouxe ao leitor um problema que temos que enfrentar com firmeza: o “jeitinho brasileiro” de querer se dar bem em tudo, inexistindo qualquer senso de coletividade. Traz à tona um desvio de formação antigo, consequência de uma construção social mercantilista e exploratória. Agora, assistimos assustados episódios de profissionais fingindo aplicar vacina contra a Covid-19 e de pessoas que usam de influências para furar filas da vacinação no país que acumula mais de 240 mil mortes.
Este debate deve estar nos parlamentos, entendendo sempre a educação como propulsor do desenvolvimento social e da formação de cidadania. No entanto, o cenário exige urgência com medidas e ações contundentes para a conscientização coletiva do respeito às pessoas prioritárias, adotando campanhas massivas, e por meio da lei, mais rigor para coibir as práticas desviantes.
Nesse sentido, apresentei um projeto de lei à prefeitura propondo que pessoas físicas que furarem filas de vacinação sejam proibidas de serem contratadas pelo município e de realizarem concurso público. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) já recebeu 179 denúncias, até a primeira semana de fevereiro, sendo a capital baiana a com mais registros.
Na educação, é evidente que teremos um déficit, já acentuado nos últimos anos, para sanar. Incluir os professores nos planos de vacinação é o primeiro passo. Acertada a decisão da Secretaria Estadual de Educação em cobrar ao Ministério da Saúde e acredito que o município deve fazer o mesmo, conforme indicado em projeto ao legislativo municipal.
Educadores anseiam pela vacinação para garantir, assim que possível, a volta às aulas com segurança, infraestrutura e um protocolo sólido que vem sendo amplamente debatido na Bahia. Só após a imunização em massa, teremos como reverter os graves impactos sociais. Enquanto isso não acontece, a luta tem que ser pela retomada do auxílio emergencial até acabar a pandemia, vacinação para pessoas vulneráveis e para os responsáveis pelo processo educacional.
Quem defende a justiça social tem obrigação de cobrar o cumprimento e aprimoramento dos planos, impedindo que a vacinação se torne um “salve-se quem puder”. Cito, para concluir, a urgência de inclusão da população em situação de rua, que tem de 5 a 10 vezes mais chances de vir a óbito pela Covid. Na Câmara, já tramitam dois projetos solicitando a inclusão dessa população ao Estado e Município.
Preservar vidas, começando a vacinação pelos mais vulneráveis e pelos segmentos mais expostos, e pensar sempre na educação para termos um país mais democrático, mais justo e mais coletivo. Estes são alguns dos tantos desafios no enfrentamento ao governo negacionista de Bolsonaro. E ao legislativo cabe cobrar, propor, fiscalizar e mobilizar a sociedade.(CMS)