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Medicação, alimentação e exercícios físicos: a receita para o controle do diabetes

“Sabemos que os cientistas estão sempre à procura, desenvolvendo pesquisas, para uma forma segura que o mal do diabetes em breve apareça a cura. O diabético precisa cumprir toda disciplina. Até que a ciência possa encontrar, na Medicina, a cura do diabetes sem uso de Insulina”.

A sabedoria popular do cordelista piauiense Pedro Costa (já falecido), na sua Cartilha do Diabético, ensina sobre a necessidade de a pessoa com diabetes entender que não existe cura para a doença, mas que ė possível controlar, sim. Com mudança de estilo de vida: alimentação saudável, exercícios físicos e uso regular da medicação, como ensina a coordenadora médica do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), endocrinologista Regilene Batista.

Mas a adesão ao tratamento nem sempre ė fácil, porque o diabetes tipo 2 (representa 90% dos casos da doença) ė silencioso. Como o paciente nada sente, ele tem dificuldade para entender a necessidade de usar medicação, pontuou a endocrinologista

O imediatismo, que é cultural, faz com que as pessoas aceitem mais facilmente usar medicamentos, se sentem dor. E como o diabetes não dói, a adesão ao tratamento pode ser difícil. Isso acontece também – destacou – com a hipertensão.

De acordo com a endocrinologista, ainda que o diabetes seja diagnosticado na fase inicial, ė preciso usar a medicação, regularmente, na dosagem prescrita pelo médico.

Isso – destacou – para evitar que a doença avance silenciosamente, antecipando as complicações que impactam na qualidade de vida quando os níveis da glicemia ficam sem controle: pé diabético (principal causa de amputação não traumática), retinopatia diabética (pode causar cegueira), insuficiência renal, doenças cardiovasculares.

Mesmo sabendo da importância e necessidade da medicação, a equipe do Cedeba respeita o saber e a cultura do usuário. Aqueles que vêm da zona rural, principalmente, acreditam no poder dos chás e sucos. “Nossa orientação ė no sentido de respeitar o uso dos chás, mas sem esquecer o medicamento,” observa Regilene Batista.

Alimentação saudável 

O controle do diabetes passa por outro pilar essencial: a alimentação, como ressalta a nutricionista do Cedeba, Suane Sousa.

A alimentação saudável, passaporte para melhor qualidade de vida da população em geral, ė indispensável para as pessoas com diabetes, pontua a nutricionista.

Mas a mudança de hábitos não é muito fácil, principalmente no diabetes tipo 2, quando o paciente já está na meia idade ou idade avançada A primeira reação – explica – ė a crença sobre as limitações do cardápio, traduzida por não poder comer mais nada, principalmente frutas e legumes.

Essa crença – explica a nutricionista – não tem fundamento, porque a partir do uso da insulina e, mais recentemente, com a contagem de carboidratos, a pessoa com diabetes pode comer quase tudo – com exceção de açúcares -, mas na quantidade e horários definidos no Plano Alimentar.

As pessoas com diabetes, acompanhadas no Cedeba, contam com o Plano Alimentar individualizado, cuja elaboração leva em consideração a realidade socioeconômica e cultural. Com a equipe de Nutrição os pacientes aprendem a fazer escolhas e substituições, trabalho que exige muito carinho e paciência, porque muitos usuários- principalmente os mais idosos procedentes do meio rural – têm dificuldade para lidar com operações fundamentais, necessárias para a contagem de carboidratos.

A Nutrição no Cedeba – integra a equipe multidisciplinar – faz o acompanhamento individualizado, mas desenvolve trabalhos em grupo – como o Doce Conviver – também, para a troca de saberes e compartilhamento de experiências. Isso porque – justifica a nutricionista – a alimentação, além de uma necessidade do organismo, ė convívio social, crença religiosa e cultura.

A força que vem do exercício

“Faça exercício físico, mas de forma regular, o diabético precisa, como sempre se ajudar, a vida é um bem próprio que você tem que zelar”, (Cordel Cartilha do Diabético).

O cordelista está certo. O exercício físico ė uma das pontas do tripé para o controle do diabetes, como explica a fisioterapeuta do Cedeba, Lorena Guedes. “Exercício físico é como medicamento. É preciso ter dose certa e frequência regular”.

A prática de exercícios físicos, segundo a fisioterapeuta, ajuda no controle da glicemia por exigir consumo de glicose. Como na pessoa com diabetes tem mais glicose circulando no sangue, o exercício retira para ser consumido pelo músculo. Logo, se recrutamos mais músculos, maior será o consumo.

O exercício também e muito importante porque possibilita a criação de novos vasos sanguíneos, a partir dos já existentes (mecanismo angiogênese), explicou a fisioterapeuta.

O exercício também melhora a função cardiorrespiratória e a circulação periférica, segundo a fisioterapeuta, além, claro – destacou – de reduzir o estresse, trazendo mais bem-estar.

A cautela de exercícios para o diabético, de acordo com Lorena Guedes, ė para os casos de perda de sensibilidade dos membros inferiores, em função dos riscos de quedas. Também para aqueles com úlceras nos pės ou redução da acuidade visual, há limitações para exercícios. E ainda nos casos de pessoas com diabetes descontralada, porque há o risco de hipoglicemia.

Mas seja para fazer exercício ou em qualquer deslocamento, identificar- se como pessoa com diabetes ė preciso, como ensinam os versos da Cartilha do Diabėtico:

“Para onde for é preciso/ levar sua identidade/seringas, insulina, lanches/ endereço e a cidade/ itinerário e o fone/ para uma necessidade”.

Ascom Cedeba

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