Entenda os interesses de Bolsonaro no Nordeste do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem se aproximando da região nordeste do país cada vez mais, a fim de ganhar projeção política e apoio para a próxima eleição presidencial, em 2022. Especialistas acreditam que a aproximação visa melhorar a imagem do presidente na região com o objetivo de angariar um público, ainda muito enraizado com tendências políticas pró Partido dos Trabalhadores (PT).
O movimento bolsonarista em se aproximar do Nordeste reflete uma necessidade eleitoral e de sustentar a base de apoio do presidente. Na eleição presidencial de 2018, Bolsonaro não ganhou em nenhum estado da região, em nenhum dos dois turnos.
Como obrevado acima, no primeiro turno, o PT ganhou em 8, dos 9 estados da região. Apenas o Ceará votou, em sua maioria, em Ciro Gomes. No segundo turno, a situação não foi diferente, e Fernando Haddad ganhou nos 9 estados da região.
Para o cientista político Ricardo Ismael, entretanto, as recentes tentativas de aproximação do presidente com a região não serão suficientes para melhorar a imagem dele, por conta dos laços históricos da população com o petismo.
“A memória positiva do governo do ex-presidente Lula ainda está muito presente. Bolsonaro não tem partido político, depende dos políticos do Centrão para o contato direto com os eleitores do Nordeste. Enfim, Bolsonaro por enquanto conseguiu deter o aumento da sua rejeição no Nordeste, mas existem muitos obstáculos para se falar na redefinição da sua relação com o eleitor nordestino”, afirma.
O especialista em marketing político, Gabriel Rossi, observa que, para crescer a popularidade na região, Bolsonaro vai precisar investir em um plano de ação bem consistente. “Parte do eleitorado do nordeste tem uma visão diferente, principalmente dos feitos de Lula, e pra reverter isso ele vai precisar investir em melhorar a qualidade de vida daquela população”, disse Rossi.
A deputada federal por Pernambuco, Marília Arraes (PT), afirma que Bolsonaro sempre teve dificuldades de se colocar positivamente na região. “Vale lembrar que foi no Nordeste que o candidato do PT, Fernando Haddad, derrotou Bolsonaro, com 69,7% das intenções dos votos válidos. E isso tem explicação, pois se deve aos imensos benefícios que o Nordeste recebeu dos Governos Lula e Dilma”, afirma a petista.
Resultados visíveis
O presidente Jair Bolsonaro tem a melhor avaliação desde que começou o mandato, com um crescimento da avaliação positiva e uma queda na rejeição, como mostrou uma pesquisa do Datafolha, divulgada na noite da última quinta-feira (13). A aprovação do governo subiu de 32%, em junho, para 37% em agosto e rejeição caiu de 44% para 34% no mesmo período.
E, como resultado das incursões pela região, seu melhor desempenho relativo foi no Nordeste, justamente a região que concentra mais pessoas que recebem o auxílio emergencial. As inaugurações de obras e promessas de melhorias em infraestrutura também o ajudaram a melhorar seus índices.
Por lá, a rejeição ao presidente Bolsonaro caiu de 52% para 35%. A avaliação positiva subiu de 27% para 33%, mas ainda é a mais baixa entre as regiões do país.
Estratégia bolsonarista
A aproximação do presidente, segundo os especialistas, tem uma base de estratégia fundada em dois pilares: o econômico e o de infraestrutura. “A primeira delas vem como desdobramento das medidas para reduzir os estragos na economia por causa da pandemia de covid-19. O auxilio emergencial tem forte impacto no Nordeste. Isso ajuda na avaliação do governo Bolsonaro na região, e, por consequência, a imagem do presidente”, diz o cientista político Ricardo Ismael.
“Além disso, Bolsonaro tem priorizado uma agenda de inauguração de obras federais no Nordeste, o que também traz repercussão favorável”, complementa o especialista.
Ricardo Ismael acredita que a implementação de programas de renda básica que o governo federal quer implementar, além de servir para minar o Bolsa Família – importante programa da era petista – pode ajudá-lo a se consolidar na região. “Bolsonaro está planejando o lançamento do Renda Brasil. Este seria um programa social que substituiria o Bolsa Família, e que deve ser divulgado pela comunicação social da Presidência da República”, completa.
A questão da infraestrutura também é usada como ferramenta para o presidente se popularizar, como as obras hídricas – iniciadas em governos anteriores. “Não podemos negar que ele tem uma base eleitoral na região e que à frente do Governo Federal é plenamente possível articular ações que atendam a algumas demandas. Mas essa aproximação tardia também expõe a desatenção que o governo dedicou ao Nordeste por um longo período de tempo. Não à toa uma das visitas mais alardeadas por seu governo foi a inauguração de um trecho da transposição do Rio São Francisco”, afirma a deputada federal Marília Arraes.
“A ida do Bolsonaro a Bahia e ao Piauí e o investimento na área hídrica da região, forma um arcabouço de ações para crescer no Nordeste”, afirma o especialista em marketing Gabriel Rossi.
Mudança tardia
A atenção voltada à região neste momento de seu mandato, para os especialistas, tem relação com a perda de apoio eleitoral, inclusive da parcela que o elegeu em 2018. E, pensando em reeleição, o presidente não pode perder mais base política.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem se aproximando da região nordeste do país cada vez mais, a fim de ganhar projeção política e apoio para a próxima eleição presidencial, em 2022. Especialistas acreditam que a aproximação visa melhorar a imagem do presidente na região com o objetivo de angariar um público, ainda muito enraizado com tendências políticas pró Partido dos Trabalhadores (PT).
O movimento bolsonarista em se aproximar do Nordeste reflete uma necessidade eleitoral e de sustentar a base de apoio do presidente. Na eleição presidencial de 2018, Bolsonaro não ganhou em nenhum estado da região, em nenhum dos dois turnos.
Como obrevado acima, no primeiro turno, o PT ganhou em 8, dos 9 estados da região. Apenas o Ceará votou, em sua maioria, em Ciro Gomes. No segundo turno, a situação não foi diferente, e Fernando Haddad ganhou nos 9 estados da região.
Para o cientista político Ricardo Ismael, entretanto, as recentes tentativas de aproximação do presidente com a região não serão suficientes para melhorar a imagem dele, por conta dos laços históricos da população com o petismo.
“A memória positiva do governo do ex-presidente Lula ainda está muito presente. Bolsonaro não tem partido político, depende dos políticos do Centrão para o contato direto com os eleitores do Nordeste. Enfim, Bolsonaro por enquanto conseguiu deter o aumento da sua rejeição no Nordeste, mas existem muitos obstáculos para se falar na redefinição da sua relação com o eleitor nordestino”, afirma.
O especialista em marketing político, Gabriel Rossi, observa que, para crescer a popularidade na região, Bolsonaro vai precisar investir em um plano de ação bem consistente. “Parte do eleitorado do nordeste tem uma visão diferente, principalmente dos feitos de Lula, e pra reverter isso ele vai precisar investir em melhorar a qualidade de vida daquela população”, disse Rossi.
A deputada federal por Pernambuco, Marília Arraes (PT), afirma que Bolsonaro sempre teve dificuldades de se colocar positivamente na região. “Vale lembrar que foi no Nordeste que o candidato do PT, Fernando Haddad, derrotou Bolsonaro, com 69,7% das intenções dos votos válidos. E isso tem explicação, pois se deve aos imensos benefícios que o Nordeste recebeu dos Governos Lula e Dilma”, afirma a petista.
Mudança tardia
A atenção voltada à região neste momento de seu mandato, para os especialistas, tem relação com a perda de apoio eleitoral, inclusive da parcela que o elegeu em 2018. E, pensando em reeleição, o presidente não pode perder mais base política.
“A queda da popularidade no país fez Bolsonaro mudar. Mudou sua relação com o Congresso Nacional e o STF. Deixou de falar diariamente com os meios de comunicação e de produzir embates ideológicos frequentes. Ele passou a priorizar inaugurações (de obras) pelo Brasil, numa agenda positiva. Enfim, mudou para sobreviver politicamente”, afirma Ricardo Ismael.
Para Gabriel Rossi, Bolsonaro “perdeu apoio, principalmente, da classe média e classe média alta (…) Ele (Bolsonaro) constatou também que fazer política para aquela base política mais radical e ideológica não vem funcionando para a própria popularidade”, afirma.
Fonte: iG