Entenda como a China pode construir um hospital em 10 dias
O uso dos pré-fabricados repete um método que a China usou para conter outro surto, muito semelhante ao do novo coronavírus: em 2003, em meio à crise do vírus da Sars, Pequim correu para construir um hospital temporário, também feito com peças pré-fabricadas (leia mais no fim da reportagem).
Desde o fim de dezembro, centenas de pessoas morreram por causa do novo coronavírus, que infectou milhares de pacientes em diferentes partes do mundo. Em meio à crise, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na quinta-feira (30) emergência internacional.
Coronavírus foi detectado em Wuhan pela primeira vez em dezembro; a cerca de 1,2 mil km de Pequim, a cidade é a capital da província de Hubei — Foto: G1
Raio-x dos hospitais
Veja abaixo mais detalhes sobre os dois novos hospitais em construção em Wuhan, segundo dados da TV estatal CGTN.
Foto desta quinta-feira (30) mostra canteiro de obras do Leishenshan, novo hospital de Wuhan, na China, com capacidade para 1,3 mil leitos que atenderá pacientes com o novo coronavírus — Foto: Xiao Yijiu/Xinhua via AP
Hospital Leishenshan
- Área: 30 mil metros quadrados
- Capacidade: 1,3 mil leitos
- Início da construção: 25 de janeiro
- Início do funcionamento: 5 de fevereiro
- Significado do nome: Monte do Deus Trovão
Hospitais de campanha
O professor Gerson Salvador, infectologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), explica que o modelo dos novos hospitais de Wuhan se aproxima dos hospitais de campanha. E o que é isso?
“Esses hospitais de campanha são estruturas provisórias para atender as pessoas quando há guerras e grandes epidemias”, explica.
A diferença, explica o especialista, é que geralmente hospitais de campanha atendem menos gente e são feitos em toldos ou construções mais precárias. Em um surto em uma cidade de 11 milhões de habitantes como Wuhan, é preciso usar uma estrutura mais robusta — algo que os pré-moldados conseguem atender.
“Fora da China, não existe nada igual ao modelo que eles estão usando”, afirma Salvador.
Segundo o professor, a tendência é que, com o tempo e os devidos cuidados, o número de atendimentos para os casos do novo coronavírus deverá diminuir. Por isso, esses hospitais emergenciais servem para resolver o problema enquanto durar a crise.
O modelo da construção dos novos hospitais em Wuhan segue a corrida para concluir o hospital Xiaotangshan em Pequim, em 2003. Em meio ao surto de Sars — outro tipo de coronavírus —, a capital chinesa instalou às pressas uma unidade de saúde que, segundo autoridades locais, ficou pronta em ainda menos tempo: sete dias.
De acordo com o governo chinês, o hospital Xiaotangshan atendeu um sétimo dos pacientes com Sars de todo o país em um espaço de dois meses.
Segundo reportagem da BBC, o local contava com um espaço para raio-x, uma unidade de terapia intensiva e laboratório. O Xiaotangshan acabou abandonado, aos poucos, de acordo com a emissora britânica.
Porém, a agência estatal chinesa Xinhua informou na quinta-feira que o hospital construído às pressas em Pequim para dar conta do surto de Sars deve ser reativado. As reformas do Xiaotangshan começaram e devem ficar prontas nos próximos dias também para dar conta dos pacientes infectados com o novo coronavírus.
(G1)