Brasil avança no combate à tuberculose
A tuberculose é considerada uma das dez principais causas de morte no mundo. No Brasil, as ações de prevenção e combate começam desde o nascimento, com a oferta, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de vacina gratuita para bebês e crianças contra as formas graves da doença. O SUS contempla ainda diagnóstico e tratamento com acompanhamento e duração que varia de acordo com a gravidade do caso, além de atenção aos grupos mais vulneráveis à enfermidade.
Toda essa atenção fez com que o Brasil alcançasse avanços significativos no combate à tuberculose e levou o País a assumir posição de destaque no combate à infecção, como explica a coordenadora de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas do Ministério da Saúde, Denise Arakaki.
“Nosso sistema é único, nosso esquema de tratamento é padronizado, os pacientes têm acesso gratuito aos diagnósticos e aos tratamentos. As melhores tecnologias que estão sendo utilizadas no mundo são utilizadas no Brasil, então, isso tem colocado o País como um exemplo bem-sucedido das ações de controle da tuberculose”, afirmou Denise.
O esforço também levou o ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, a assumir este mês a liderança mundial da principal entidade que combate a tuberculose, a Stop TB Partnership. Mandetta presidirá a organização internacional pelos próximos três anos.
De acordo com o Ministério da Saúde, o empenho do governo brasileiro resultou em queda média anual de 0,3% no coeficiente de incidência da doença entre 2009 e 2018. Outro ganho é que o Brasil atingiu as Metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de enfrentamento à tuberculose, que previa reduzir até 2015 o coeficiente de incidência e de mortalidade em 50%, quando comparado com os resultados de 1990.
A coordenadora Denise Arakaki acrescentou que os grupos mais vulneráveis à doença, como pessoas com HIV, diabéticos, transplantados e aqueles que vivem em condições precárias de moradia, saneamento e alimentação recebem atenção especial.
“Nossa ideia é não deixar nenhuma pessoa com tuberculose para trás. Queremos atender as pessoas que estão em vulnerabilidade social, que são transplantadas, diabéticas e que têm HIV. Também temos uma atividade massiva em presídios. Nossa ideia é atender todo mundo com o que há de melhor no SUS”, disse.
Tratamento
No ano passado foram diagnosticados 76.228 novos casos em brasileiros, com cerca de 4,5 mil vítimas fatais. O tratamento da tuberculose é oferecido pelo SUS e deve ser feito com medicação diária, sem interrupção, com duração mínima de seis meses. Para os casos mais resistentes da doença, o acompanhamento é feito em unidades de referência e duram de 18 a 24 meses.
Apesar da melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após início, a cura só é garantida ao final do esquema terapêutico. O abandono do tratamento é o principal motivo para a tuberculose continuar fazendo vítimas fatais. No Brasil, de cada dez pessoas que iniciam o tratamento, pelo menos uma abandona o uso dos medicamentos, segundo dados do Ministério da Saúde.
O médico pneumologista Sérgio Henrique Silva, do Hospital Dia, que presta atendimento especializado no SUS a doenças como tuberculose em Brasília (DF), explicou que a interrupção no tratamento antes da conclusão pode levar o paciente à resistência aos antibióticos e a complicações. Além disso, pode aumentar o risco de transmissão para outras pessoas.
“Hoje a tuberculose tem cura e o diagnóstico precoce é fundamental. O tratamento é feito por medicamentos em comprimidos que devem ser tomados em dose única diária durante seis meses. A interrupção leva à resistência do bacilo, ao aumento do prazo de tratamento e diminui a expectativa de cura. Ou seja, não vale a pena suspender o tratamento nem um dia”, disse o pneumologista.
Doença
A tuberculose pulmonar é a mais comum em todo o mundo, mas ela pode afetar outros órgãos. Os principais sintomas são tosse persistente, com ou sem catarro, emagrecimento sem causa aparente, febre baixa no final do dia e suor excessivo durante a noite. Também pode haver cansaço intenso e indisposição para atividades cotidianas.
A doença é transmitida pelas vias aéreas a partir do espirro, da tosse ou da fala de uma pessoa que esteja com a tuberculose pulmonar, única forma contagiosa. Em geral, após 15 dias de tratamento, as pessoas infectadas já não transmitem mais a doença.
A estudante de jornalismo de Brasília Ana Paula Canuto sentiu todos esses sintomas quando tinha 17 anos. Por conta disso, procurou o Sistema Único de Saúde. Foram seis meses de tratamento à base de antibióticos, sendo que, na metade deste tempo, ela teve de ficar internada.
“Desde o dia em que eu fui internada, eu tive todo o apoio de uma equipe. Eles fizeram todos os exames necessários, me acompanharam tanto nos exames mais simples como nos mais complicados. Então, desde o começo até o final, eles me acompanharam desde o primeiro dia da internação até o último”, relatou Ana. E completou. “Quando eu ia [ao Hospital Regional da Asa Norte – HRAN] tinha todo um controle que a responsável lá pelo setor fazia junto comigo. Eu também fazia exames frequentes pra saber o nível do meu tratamento, se estava evoluindo ou não, então, o tempo todo eu tive este acompanhamento”. (www.gov.br)