Projeto reduz superlotação em emergências do SUS
Redução no tempo de espera em emergências, melhoria nos fluxos de atendimento e queda nos índices de superlotação. Esses foram os resultados do segundo ciclo do projeto Lean nas Emergências, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com o hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
O projeto é realizado em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). As equipes dos hospitais selecionados recebem capacitação para melhorar o atendimento e os fluxos de trabalho, desafogando as emergências. A segunda etapa do projeto, realizada entre novembro de 2018 e maio de 2019, contemplou 20 hospitais, que conseguiram reduzir em 40% o tempo de permanência dos pacientes no pronto-socorro. Além disso, as emergências registraram queda de 55% na superlotação. Os dados foram divulgados na última quarta-feira (18) pelo Ministério da Saúde.
Segundo o secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo, o projeto Lean garante mais qualidade no atendimento. “Conseguimos reduzir os tempos importantes de uma emergência, como esse tempo de porta médica, a ocupação das emergências e também a média de permanência que os pacientes necessitam para conseguir um leito. Ou seja, ele está sendo atendido mais rápido, numa ambiência melhor e com mais qualidade”, afirmou.
Na segunda fase do projeto Lean, o tempo médio de espera no pronto-socorro das unidades passou de 11 horas, para, em média, seis horas e meia. Ou seja, o paciente fica quatro horas a menos no hospital, considerando o período desde a entrada na unidade até a alta médica. Um dos efeitos é a liberação de mais leitos, já que os pacientes ficam menos tempo no local. Um dos destaques desse segundo ciclo foi o hospital Ophyr Loiola, em Belém (PA), que conseguiu aprimorar os fluxos e aumentar em 8% o volume diário de atendimentos na emergência, ao mesmo tempo em que a superlotação caiu quase 70%.
A gerente do projeto no hospital, Samanta Miranda, comemorou os resultados. “Hoje o paciente entra, rapidamente é visto pelo médico e acionada a avaliação especializada. A decisão clínica acontece mais rápido e o paciente consegue saber se vai sair de alta ou internar. O projeto Lean se tornou uma estratégia organizacional para o Ophyr, uma cultura dentro do hospital, e a satisfação do usuário foi realmente incrível.”
Outro hospital que passou pelo segundo ciclo foi o Regional de Taguatinga, no Distrito Federal. Antes do projeto, o paciente podia gastar até 21 horas entre fazer uma ficha, ser atendido, tomar medicação e ser liberado. Agora, esse tempo foi reduzido em 60%. Já o tempo médio de internação caiu de 14 para oito dias. Com mais de 460 leitos e 17 mil pacientes por mês só na emergência, as ferramentas de gestão trazidas pelo Lean modificaram o fluxo de funcionamento segundo o supervisor de emergência da unidade, Luiz Ricardo Mota do Nascimento.
“Antigamente, no pronto-socorro, a gente trabalhava com uma lotação de 130 a 150 pacientes e os corredores todos lotados com macas, o que dificultava muito o transporte de passageiros dentro do pronto-socorro mesmo. As vagas que as enfermarias disponibilizavam eram mais difíceis. A gente recebia uma quantidade enorme de pacientes e a vazão deles para a enfermaria era muito pouca. Então, a gente estava sempre trabalhando com sobrecarga”, disse.
Projeto Lean
O sistema Lean, que pode ser traduzido como “produção enxuta”, é de origem japonesa e busca otimizar os processos produtivos.
Nos hospitais, a metodologia busca reduzir desperdícios, melhorando a administração e os fluxos no ambiente da emergência. As unidades passam por uma intervenção, e os profissionais são capacitados para identificar dificuldades e gargalos, além de implantar ferramentas de gestão que melhorem os fluxos. A fase de capacitação dura em média seis meses e, após o término, os hospitais passam por um monitoramento de 12 meses.
O projeto Lean do Ministério da Saúde completou dois anos e já está indo para a terceira etapa. Mais 20 hospitais já foram selecionados para o próximo ciclo, que tem como principal objetivo reduzir a superlotação dos serviços de urgência e emergência do SUS.
Ao todo, 36 hospitais de todas as regiões participaram das duas primeiras etapas do projeto, com a capacitação de mais de 800 profissionais. Até 2020, a meta do Ministério da Saúde é melhorar a gestão de 100 hospitais no país.
(www.gov.br)