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Prefeitos defendem que Brasil cumpra metas assinadas no Acordo de Paris

As cidades precisam fazer a sua parte e alertar o governo federal sobre a necessidade de proteger a Amazônia e de cumprir o Acordo de Paris, tratado mundial que possui como objetivo reduzir o aquecimento global e que foi aprovado em 2015 durante a COP-21 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas realizada na capital francesa). Essa foi a principal mensagem do “Painel dos prefeitos”, que aconteceu na manhã de hoje (23), durante o último dia da Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima, organizada pela ONU em Salvador, com apoio da Prefeitura local, e que reúne representantes de mais de 90 nações.
O debate foi mediado pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, e contou ainda com as presenças dos chefes municipais de São Paulo, Bruno Covas; Manaus, Arthur Virgílio; Curitiba, Rafael Greca; Recife, Geraldo Júlio; e de Campinas, Jonas Donizette, que também representou, como presidente da entidade, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP). De fora do país, participou do painel a prefeita de Arima (Trindade e Tobago), Lisa Morris Julian.
“As cidades, que estão atuando em rede, têm assumido um papel protagonista com políticas públicas e ações na área climática. É fundamental que as cidades estabeleçam compromissos de médio e longo prazo para que o Acordo de Paris não fique apenas na intenção. Os pontos do acordo precisam ser executados. E quem está na ponta desse processo, desse mundo cada vez mais urbano, são os prefeitos”, afirmou ACM Neto.
O prefeito de Salvador defendeu o fortalecimento das conexões entre as cidades da América Latina e do Caribe com o objetivo de alinhar iniciativas contra a crise climática. Uma das metas, frisou ACM Neto, é neutralizar a emissão de carbono até 2050, o que a capital baiana tem feito com a renovação da frota do transporte público, ampliação de ciclovias, estímulos fiscais para quem adota modelos sustentáveis de construção de energia solar e ampliação de áreas verdes, além de transformação do lixo em energia.
Transporte – Presidente da FNP e prefeito de Campinas, Jonas Donizette destacou no painel o trabalho desenvolvido pelos 20 municípios da região metropolitana liderada pela cidade visando reduzir os gases que causam o efeito estufa. Em parceria com a rede ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade), esses municípios fizeram um inventário regional sobre a emissão desses gases. “Temos um ponto de partida e de chegada para implantar políticas públicas em todas as áreas com o objetivo de reduzir a poluição, a exemplo da adoção do transporte público movido a biodiesel e energia elétrica”, contou.
Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas também ressaltou a importância da renovação da frota do transporte público para que a cidade possa alcançar a meta de neutralizar a emissão de carbono até 2050. “Nos últimos dois anos, conseguimos colocar 40% da frota de 14,2 mil ônibus de São Paulo com motores menos poluentes. Mais queremos mais. Queremos frota zero poluição. Por isso, criamos um comitê, fruto de projeto aprovado na Câmara, para que possamos ter no próximo contrato de concessão ônibus movidos a biodiesel e outros tipos de tecnologia, inclusive com energia limpa”.
Bruno Covas afirmou que a questão ambiental é um “tema ético, um compromisso com as futuras gerações, que não é de esquerda e nem de direita”. Ele disse ainda que pretende implantar mais 170 quilômetros de novas ciclovias até o final do ano que vem e frisou que São Paulo já proibiu o uso de canudos plásticos, o que a capital baiana pretende fazer ainda este ano, via projeto de lei. “Também iniciamos uma ação nas feiras da cidade para que possamos zerar a quantidade de resíduos orgânicos, transformando esse material em adubo”.
Em Recife, o prefeito Geraldo Júlio destacou a parceria com o ICLEI, que resultou num inventário sobre a emissão de gases que provocam o efeito estufa. “Já fizemos uma primeira aferição após o inventário e estamos verificando que já temos conseguido reduzir as emissões de gases nocivos. Estamos agora fazendo um levantamento de áreas de risco, tudo com tecnologia e metodologia internacional. Atuando em rede, trocando experiências, os municípios podem fazer bem melhor a sua parte”, discursou.
Fazenda sustentável – Rafael Greca, prefeito de Curitiba, lembrou que, na capital paranaense, desde 1970 que a causa ecológica é uma prioridade. Hoje, a cidade tem 60 metros quadrados de área verde por habitando, quando o recomendado pela ONU é 36 metros quadrados. “Faremos muito mais do que isso. Estamos investindo em energia solar, com financiamento do C40 (Grupo de Grandes Cidades para a Liderança Climática, do qual Salvador também faz parte), implantando hortas urbanas e novos parques. Vamos inaugurar ainda uma fazenda urbana agrosustentável para criar consciência nas pessoas”, anunciou.
Defesa da Amazônia – O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, usou seu tempo no painel da Semana do Clima para fazer uma veemente defesa da floresta amazônica. Ele disse temer, inclusive, uma ação militar na floresta por nações estrangeiras. “O mundo não tolerará uma governança irresponsável sobre a Amazônia. O Brasil corre o risco de sofrer boicotes de seus produtos agrícolas. E sofre um brutal desgaste diplomático. Podemos ter problemas de ordem militar, assunto que estava afastado desde a década de 1950”.
O prefeito de Manaus pediu que os colegas que governam as cidades ajudem a pressionar o governo federal para que a Amazônia seja tratada com prioridade. “O Brasil precisa acordar. O caminho é explorar a Amazônia com sustentabilidade. É preciso ainda investir em pesquisa, em órgãos que produzam pensamento científico na região”, concluiu.
 
 
SECOM

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