As vacinas que os avós devem tomar
Vacinação não é coisa de criança. É, principalmente, assunto sério para os avós que, ao se protegerem, estão também zelando por seus netos. Quer dar uma prova desse amor incondicional que sente por eles? Cheque sua caderneta – esse é conselho do pediatra Juarez Cunha, atual presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Temos uma cultura que valoriza a vacinação na infância, mas o calendário vacinal percorre a vida toda. Na verdade, as duas pontas, ou seja, a criança e o idoso, são as mais vulneráveis”, diz o médico.
A maioria já se conscientizou sobre a importância da vacina anual contra a gripe, mas o doutor Juarez lembra que há outras doenças cuja transmissão se dá pelas vias respiratórias, como as causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, ou pneumococo. “Essa é uma bactéria que pode causar de otite e sinusite, de meningite a pneumonia. Crianças recebem quatro doses e pacientes diabéticos têm que tomar a vacina em qualquer idade, mas todos os adultos acima de 60 anos deveriam se proteger e, por extensão, proteger os que convivem com eles”, afirma.
São duas vacinas para os adultos: a Pneumo 13 e a Pneumo 23, cujos nomes técnicos são VPC13 e VPP23, que devem ser administradas num intervalo entre seis e 12 meses. Infelizmente, a VPP23 só está disponível na rede pública para idosos institucionalizados. Quem já tomou esta tem que esperar um ano para tomar a VPC13. “Além disso, ao chegar aos 65 anos, a pessoa precisa se vacinar novamente com a VPP23, mesmo que tenha tomado uma dose”, explica o presidente da SBIm.
As chamadas doenças infantis, como sarampo, caxumba e rubéola, são evitadas com a tríplice viral. Quem tem até 49 anos ou é profissional da saúde pode se vacinar na rede pública. Entre os mais velhos, a chance de ter tido uma dessas enfermidades quando criança é grande, o que garante a imunidade. Mas – sempre tem um mas… – se você, como eu, teve catapora, não corra o risco: prepare a carteira, porque custa algo em torno de R$ 400, e vacine-se o quanto antes contra o herpes zóster. “Essa é uma manifestação tardia que surge em quem teve catapora. Além da dor provocada, é contagiosa na fase da erupção e pode contaminar pessoas suscetíveis”, detalha o doutor Juarez.
A lista não acabou: de dez em dez anos, não se esqueça da tríplice bacteriana, que previne contra difteria, tétano e coqueluche. Mais uma vez, há uma lacuna na rede pública, que só oferece uma cobertura dupla, para difteria e tétano, deixando a coqueluche de fora. Mesmo quem teve a doença pode contrai-la de novo, por isso o melhor é não arriscar, porque o quadro pode se agravar no caso de doença respiratória.
Como a vida sexual dos idosos está mais ativa do que nunca, a vacina contra hepatite B, disponível na rede pública, é uma proteção extra. E o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações faz um alerta em relação à febre amarela: “a necessidade de tomar a vacina vai depender da situação epidemiológica. Para quem tem mais de 60 anos, não se trata exatamente de uma contraindicação, mas de avaliar a relação entre risco e benefício”.(Bem Estar)