Moradores de Periperi se reúnem para guerra de espadas em Salvador
Pessoas no meio da rua, labaredas dos fogos de artifício e apitos marcaram mais uma edição da guerra de espadas do bairro de Periperi, no subúrbio rodoviário de Salvador. O evento que reúne moradores do bairro acontece há mais de três décadas no local.
Enquanto uns admiram de longe, das varandas das casas, outros se divertem na rua, correndo de um lado para o outro, participando da guerra de espadas. Os fogos utilizados na “brincadeira” são artefatos que são variações mais potentes dos tradicionais buscapés, feitos de bambu, pólvora e limalha de ferro.
A guerra acontece tradicionalmente durante as festas juninas, em cidades do interior da Bahia, mas em Periperi, o encontro dos espadeiros ocorre sempre no dia 28 de junho, véspera dos festejos a São Pedro. O Ministério Público da Bahia recomenda que os moradores não soltem espadas e na cidade de Senhor do Bonfim, a atividade é proibida pela Justiça.
Morador há trinta anos do bairro de Periperi, o analista Ricardo Lima acredita que a guerra das espadas é uma tradição importante e deve ser mantida no local. “É uma coisa daqui, do povo do subúrbio, tem que manter”, opinou.
A polícia militar esteve em Periperi e o efetivo da região foi reforçado. Após um homem ser detido durante a festa, os moradores reclamaram da ação policial no bairro.
“Os policiais já chegaram aqui jogando gás lacrimogênio no povo. Aqui só tem família, aqui não tem ladrão. E eles chegaram jogando gás”, revelou a cabeleireira Líliam Ribeiro.
Sobre a situação com os policiais, a PM informou por meio de nota que não aceita qualquer tipo de violência por parte dos agentes de segurança e se houve algum excesso, os moradores podem fazer uma denúncia na Corregedoria da Polícia Militar para que a situação seja apurada.
A polícia ainda disse que, no total, quatro pessoas foram levadas para a delegacia porque estavam com explosivos.
Apesar da situação com o morador, a “brincadeira” continuou. O som forte das espadas ecoava no chão e também no céu.
Quem participou da festa, se preocupou em usar roupas que protegem o corpo dos fogos, como foi o caso do espadeiro Luís Fernando. Ele contou que não abre mão da segurança e um macacão que cobre todo o corpo, além de chapéu e luvas pra se proteger. “Não pode acabar nunca é tradição essa vida”, concluiu Luís Fernando.
(Agência Brasil)