Forte da Capoeira recebe até quarta-feira programação do Centenário do Mestre João Pequeno de Pastinha
Em comemoração ao centenário do mestre João Pequeno de Pastinha, uma série de atividades vem sendo desenvolvida desde o início de dezembro. A maior parte da programação acontece no Forte de Santo Antônio Além do Carmo – conhecido também como Forte da Capoeira –, espaço administrado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult). As homenagens se estendem até quarta-feira (27), data em que o mestre, considerado o maior capoeirista de tradição da Bahia, completaria os 100 anos.
Nesta terça (26), no Centro Esportivo de Capoeira Angola, Forte da Capoeira, acontece, às 16h, a Oficina de Capoeira Angola, com Nani Pequeno, neta de João Pequeno de Pastinha. Mais tarde, às 19h, tem Roda de Capoeira Angola com participação do Mestre Jogo de Dentro. A programação do dia se encerra às 21h, com uma confraternização.
Na quarta-feira (27), data do centenário de Mestre João Pequeno e encerramento da programação em sua homenagem, as atividades tem início às 9h, com Mestre Aranha à frente da Oficina de Capoeira Angola. Às 16h, a oficina terá a professora Nani Pequeno. A emoção promete tomar conta às 19h, com uma roda de capoeira em memória aos 100 anos do Mestre João Pequeno. A tradicional mesa de frutas conclui as comemorações, às 21h.
Memorial
O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) – entidade vinculada à Secult – através da Diretoria de Projetos, Obras e Restauro (Dipro) e da Coordenação de Museus, requalificou o espaço onde funciona o Centro Esportivo Capoeira de Angola, instalada no Forte de Santo Antônio Além do Carmo, chamado de Forte da Capoeira para receber o Memorial Mestre João Pequeno de Pastinha.
Para a montagem do Memorial, o espaço passou por um tratamento nas paredes, adequação da instalação elétrica, melhor distribuição das fotografias e das pinturas em homenagem ao Mestre, instalação de vitrine contendo objetos pessoais, um espaço para projeção de documentários. A homenagem ao Mestre conta com uma linha do tempo onde uma lista de eventos em ordem cronológica conta a sua história de vida. A inauguração do Memorial foi feita na última sexta-feira (22), permanecendo aberto para visitação.
João Pereira dos Santos – Mestre João Pequeno de Pastinha
Nascido em 27 de dezembro de 1917, em Araci (Feira de Santana) parente do famoso Besouro Mangangá, primo de seu pai, João sempre teve índole corajosa. Quando jovem, buscou o exército, pois lá treinava constantemente. No entanto, João não foi admitido pelas forças armadas. Em Mata de São João, onde trabalhou como carreiro de bois, teve o primeiro contato com a Capoeira, através do ferreiro Juvêncio que lhe contava histórias da capoeira. Aos 25 anos, já em Salvador, um colega de nome Cândido, ao notar o interesse de João pela Capoeira numa brincadeira no intervalo do trabalho, indicou ao feirante Barbosa para introduzi-lo na arte, e este o levou à roda de Cobrinha Verde que acontecia embaixo de uma árvore no Chame-Chame. João inscreveu-se na academia de Mestre Pastinha e foi seguindo os passos do Mestre. Em 1981, pouco antes do falecimento de Mestre Pastinha, ele chamou Mestre João Pequeno e disse: “João vou morrer, tome conta disso. Morre só o corpo, o espírito vive para sempre”. Depois da morte de Mestre Pastinha, Mestre João Pequeno abre no Forte de Santo Antônio Além do Carmo a Academia de João Pequeno de Pastinha – Centro Esportivo de Capoeira Angola e lá continua até hoje a desenvolver a Capoeira na forma em que lhe foi ensinada por seu Mestre, deixando sempre claro em sua fala, “enquanto houver Capoeira o nome de seu Pastinha não desaparecerá”.
Fonte: Ascom/Secult