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Painéis portugueses irão passar por restauro na Igreja da Ordem Terceira

Com sinais de deterioração pela ação do tempo, o conjunto de painéis de azulejos portugueses ao redor do claustro da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, localizada no Terreiro de Jesus, terá investimento de R$ 10 mil para a realização de ações emergenciais.

O recurso foi anunciado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA) para a obra que possui 207 anos e passou por restauro há 15 anos.

Por meio da assessoria de comunicação, o Ipac informou que deverá aguardar o parecer técnico para estabelecer que tipo de intervenção será mais apropriada para fazer a manutenção do painel, o que deverá ocorrer nos próximos dias.

Atribuída a autoria ao mestre português Valentim de Almeida, a obra encomendada durante o reinado de dom João V e distribuída por cerca de 85 metros quadrados no Centro Histórico de Salvador tem se desmanchado por causa da infiltração no templo religioso.

O conjunto arquitetônico erguido em 1587 narra o cortejo naval de partida da princesa Mariana Vitória de Bourbon e Farnésio para casar com o príncipe herdeiro dom José I; a chegada do casal real a Portugal pelo rio Tejo; a recepção popular pela capital do país; e uma Lisboa ainda com 12 arcos.

Vistoria

O tombamento do conjunto da igreja ocorreu em 1939 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que, em nota, informou que “fará uma vistoria conjunta com o Ipac no local na próxima semana para tratar das intervenções e para fazer um diagnóstico do que precisa ser realizado e priorizado”.

O instituto relatou ainda que “o bem não está contemplado no PAC Cidades Históricas”, além de esclarecer que “realiza a fiscalização do estado de conservação dos bens tombados, cabendo ao proprietário a manutenção e a conservação do imóvel”.

A última restauração foi capitaneada pela equipe da fundação portuguesa Ricardo do Espírito Santo, em um trabalho que durou três anos, de 1999 a 2002. Como a intervenção não incluiu a impermeabilização das paredes, a obra voltou a ficar ameaçada.

A Ordem se mantém com o aluguel de imóveis, doações, colaborações, venda de souvenirs e cobrança de uma taxa de visitação no valor de R$ 5. Segundo o diretor de patrimônio da irmandade, Cláudio Seixas, faltam recursos para a manutenção do templo religioso. “O trabalho de restauração não é um serviço barato. Essa igreja foi construída com a colaboração da irmandade”, informou Seixas.

Análise

Prestadora de serviço na Ordem, a arquiteta Karin Hartmann diz que, apesar de haver azulejos em toda a igreja, os que adornam o claustro são os mais afetados. “Além da infiltração, que não detectamos de onde vem, se de baixo ou de cima, eles ficam expostos no espaço aberto”, avalia.

A profissional indica algumas etapas a serem cumpridas para evitar a soltura das peças, a começar pela implantação de uma tela protetora. “Primeiro, para evitar que caiam e que se perca parte da história pouco conhecida de Lisboa, antes do terremoto que a devastou, em 1755”, explica.

Em seguida, continua, é preciso remover os azulejos, colocar placas de cimento na parede para evitar o contato das peças com a umidade, fazer o restauro e, por fim, reaplicá-los. “Há mão de obra qualificada em Salvador, mas é um processo caro. Estamos buscando obter recursos”, afirma. (A Tarde)

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