Lixo deixado em ônibus compromete higiene de coletivos e saúde das pessoas
Papel de bala, palito de picolé e até casca de banana pelos corredores e assentos dos ônibus do transporte público da capital baiana. A reclamação sobre falta de higiene é constante e feita por passageiros e, também, por motoristas e cobradores que trabalham no sistema que conta, atualmente, com frota de 2,6 mil veículos.
A assessora parlamentar Tânia Santos já foi surpreendida em viagem que fazia a caminho do trabalho.
“Uma barata voadora subiu em minha perna. Tomei um susto danado. Ao olhar para o chão, vi várias baratinhas em volta de um amontoado de papel de chocolate e caroços de frutas “, contou.
Condutor da linha Patamares R1-Lapa, Marco Antônio admite a falta de higiene nos veículos, mas atribui o problema a má educação dos passageiros. “Os carros saem limpos da garagem e voltam imundos”, disse.
A cozinheira Simone Farias concorda que é comum o passageiro jogar lixo no ônibus, mas ela é acostumada a realizar o descarte na lixeira do veículo .
“A solução é simples. Quando não há onde jogar no ônibus, guardo o lixinho na minha bolsa ou no bolso da calça”, contou Simone.
A falta de educação dos usuários, também, foi apontada como principal causa da sujeira nos coletivos pelo Sindicato dos Rodoviários da Bahia.
“As empresas precisam trabalhar, em parceria com a Semob, para fazer uma campanha de conscientização”, sugere o diretor da entidade, Daniel Mota.
Higiene
Responsáveis pela limpeza, as empresas de ônibus garantem que a manutenção é diária. “Antes de sair da garagem, os coletivos passam por uma lavagem geral”, garantiu o superintendente da associação das empresas de ônibus (Integra), Orlando Santos.
A ação rotineira é fiscalizada por agentes da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob). A pasta, por meio da assessoria de comunicação, também garantiu o acompanhamento da dedetização trimestral dos coletivos. Um mês após este procedimento, a Semob vistoria os veículos.
Caso haja insetos ou animais roedores, a empresa de ônibus é multada e notificada para realizar novo processo de dedetização.
Estrutura
Além da falta de limpeza, as pessoas que utilizam os ônibus do transporte público enfrentam outros problemas. O autônomo Marcos Fraga criticou a estrutura no interior dos coletivos.
“Há veículos antigos, caindo aos pedaços e barulhentos. Esse sistema de transporte público é uma farsa”, protestou.
A especialista em estudos de trânsito e transportes, Cristina Aragón, ainda destacou a falta de conforto durante a viagem. “Os veículos são de difícil acesso, pois as escadas são altas. Além disso, apresentam alto nível de ruído e pouca circulação de ar”, argumentou a analista.
Esses aspectos estruturais, segundo Cristina Aragón, têm reflexo na postura dos usuários no uso dos coletivos. “Como o equipamento é ruim, o passageiro não tem o sentimento de cuidar daquilo. As empresas devem limpar os veículos durante as paradas prolongadas nos terminais”, disse. (A Tarde)