Internacionais

Ditadura sem máscara na Venezuela

Parte da população da Venezuela acordou na madrugada de hoje com a informação de que os líderes da oposição ao governo Leopoldo López e Antonio Ledezma, em prisão domiciliar desde o dia 9 passado, haviam sido levados de suas casas para local ignorado por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência.

A informação foi dada por familiares dos dois por meio de mensagens postadas no twitter. A mensagem de Lilian Tintori, mulher de López, dizia assim: “Urgente! Acabam de levar Leopoldo de casa. Não sabemos onde está nem para onde o levaram. Maduro é responsável se algo acontecer com ele”.

O duplo sequestro – porque é disso que se trata quando prisões ocorrem de madrugada e sem ordem judicial -, indica a clara determinação do presidente Nicolás Maduro de endurecer o jogo contra seus opositores em meio à maior crise política, econômica e social da história recente da Venezuela.

Apesar de rico em petróleo, o país está falido, tamanhos foram os erros cometidos por Maduro e por seu antecessor, o megalomaníaco coronel Hugo Chávez. A inflação está entre as maiores do mundo. Falta tudo – de comida, remédios até papel higiênico. Venezuelanos em desespero fogem para países vizinhos.

Dada à intransigência de Maduro, e ao apoio que ainda recebe dos militares, não há saída à vista para o impasse político. O Papa Francisco tentou mediar um acordo entre governo e oposição – sem sucesso. A Organização dos Estados Americanos (OEA), também. O regime antes autoritário ganhou os contornos de uma ditadura.

É como uma ditadura que deve ser enfrentado pela comunidade internacional. A Constituinte convocada por Maduro, e eleita no último domingo, configura mais uma farsa. Recebeu ampla condenação a começar pelos principais países do continente, entre eles Brasil, Colômbia, Panamá, Peru, Argentina e México.

Foi rejeitada também pela OEA, Espanha, Estados Unidos, Suíça, Parlamento Europeu e dezenas de organizações não governamentais. O Peru convidou os ministros das Relações Exteriores da América do Sul para uma reunião em Lima, no próximo dia 8. Em pauta: o que mais eles poderão fazer em relação ao governo Maduro?

Em dezembro de 2015, em um ambiente de relativa liberdade, os venezuelanos elegeram uma Assembleia Nacional (o Congresso de lá). A oposição fez a maioria das cadeiras. Maduro prometeu respeitá-la. Mas desde então só fez acuá-la, valendo-se para isso do poder ditatorial de escolher os juízes da Corte Suprema.

Dentro do PT, do PC do B e da fatia do PSDB favorável à aprovação da licença para que Temer seja processado, ganha adeptos a tese de que o melhor seria dar quórum para a sessão, e aproveitá-la ao máximo para desgastar o governo. É uma tese malandra para quem diz se opor a Temer porque só o beneficiará.(Blog do Noblat)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *