Projeto sobre onças une ciência e turismo de observação
Roteiros orientados por especialistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá permitem que turistas no Amazonas vejam um comportamento único das onças-pintadas em maio e junho: com a falta de terrenos secos, elas buscam as copas das árvores para se abrigar.
Os pesquisadores encontraram no turismo científico uma alternativa para fortalecer as pesquisas sobre as onças da Amazônia. “Para conservar, é preciso conhecer e amar”, afirma a pesquisadora Wezddy Del Toro, do Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Felinos da Amazônia.
Para entender os hábitos do animal nas florestas alagadas e realizar o turismo de observação, os pesquisadores monitoram as onças durante o ano inteiro. “O turismo de observação é uma forma de envolver os comunitários nas atividades turísticas e científicas e coletar dados durante as atividades para pesquisas”, afirma a pesquisadora.
Turismo de observação
A Expedição Onça-Pintada é desenvolvida pelo instituto em parceria com a Pousada Uacari, hospedagem flutuante de turismo de base comunitária. O terceiro ano de atividades, encerrado em maio, teve três pacotes turísticos de duração de uma semana cada.
Cada pacote turístico tem limite de um a seis visitantes por excursão. O número reduzido de turistas é intencional: as atividades são planejadas para o menor impacto ou interferência no ambiente das onças-pintadas, em sintonia com o ritmo e a vida desses animais na várzea.
“A porcentagem de venda foi bastante satisfatória, gerando renda para colaborar com atividades da pesquisa e para o fundo dividido entre as dez comunidades que atuam com a Pousada Uacari”, comemora o coordenador do Programa de Turismo de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, Pedro Nassar. Além da observação das onças, os pacotes incluem palestras com pesquisadores sobre a biologia, a ecologia e a conservação da espécie.
Para realizar o monitoramento das onças, os pesquisadores contam com tecnologias como as armadilhas fotográficas instaladas na floresta e os colares telemétricos, colocados nos pescoços dos animais durante as expedições de campo.
Depois de marcar os pontos de localização das onças por meio de busca aérea, parte do grupo de pesquisadores segue pela floresta até a Reserva Mamirauá para tentar avistar as onças monitoradas. Nas florestas alagadas, os cientistas contam com a ajuda dos comunitários para caminhar.