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Pesquisadores vão usar células-tronco para tentar ressuscitar pessoas

Células-tronco são o milagre da medicina moderna e há pesquisadores explorando seu potencial para tudo quanto é problema, incluindo diabetes e esclerose lateral amiotrófica (ALS), a doença que inspirou o desafio do balde de gelo em 2013. Uma empresa, porém, quer extrapolar os limites do que vem sendo estudado para descobrir se essas células são capazes de reviver pessoas que já se foram.

A ideia partiu da Bioquark, que fica na Filadélfia. Segundo reporta o STAT, a empresa planeja lançar um estudo até o final deste ano sobre a possibilidade.

A ideia deles é injetar células-tronco na medula espinhal de gente que tenha tido a morte cerebral declarada. Isso, em conjunto com a injeção de uma mistura de proteínas, estimulações elétricas do sistema nervoso e terapia a laser no cérebro, supostamente faria com que o morto deixasse de ser morto.

Os pesquisadores esperam que o tratamento force o crescimento de novos neurônios e a sua conexão uns com os outros, fazendo o cérebro voltar a funcionar.

A Bioquark ainda sequer chegou a testar o método em animais. A empresa vinha conduzindo estudos em Rudrapur, na Índia, desde abril de 2016, mas, em novembro daquele ano, foi interrompida pelo governo, que disse não ter concedido qualquer autorização à empresa. Agora, o CEO Ira Pastor diz que eles estão de mudança para um país na América Latina.

Os vários poréns

O STAT conversou com uma série de especialistas, inclusive aqueles responsáveis por experimentos nos quais a Bioquark se apoia para o seu estudo, e nenhum deles acredita que a empresa terá sucesso. No ano passado, quando se soube das intenções, dois médicos publicaram um artigo criticando fortemente a equipe de Pastor, que acusaram de dar uma “esperança cruel e falsa de recuperação” a familiares.

Além da desconfiança, há também problemas éticos e conceituais a se levar em conta. Um deles diz respeito à declaração de morte: um estudo sobre 38 trabalhos publicados ao longo de 13 anos descobriu que, se as diretrizes da Academia Americana de Neurologia sobre morte cerebral fossem seguidas à risca, nenhum paciente jamais teria sido tratado para recuperar as funções do cérebro no país.

Há que se considerar ainda que existem drogas e venenos que imitam morte cerebral; se a Bioquark fizesse testes em pessoas assim, poderia matá-las de verdade. Além disso, como uma pessoa tecnicamente morta poderia concordar com sua participação num experimento como esse?(Olhar Digital)

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