Para estancar a sangria
O presidente Michel Temer tinha o direito de escolher quem bem quisesse para suceder Rodrigo Janot no cargo de Procurador Geral da República. Não estava sequer obrigado a escolher apenas entre os três nomes mais votados pelos procuradores.
Mas ao escolher a subprocuradora Raquel Dodge, o segundo nome de uma lista tríplice que lhe foi apresentada, indicou com clareza o que espera do próximo Procurador Geral da República. Raquel notabilizou-se por suas críticas ao comportamento independente de Janot.
Não teria sido o segundo nome mais votado se fosse contra a Lava Jato. Mas também não é tão a favor como Janot foi até agora, muito menos como Nicolau Dino, o primeiro nome da lista, seria. Se fosse, não teria o apoio de políticos como José Sarney e Renan Calheiros, por exemplo.
Em gravação feita no início do ano passado, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), atual líder do governo no Senado, comentou que era preciso derrubar a então presidente Dilma Rousseff e pôr Temer no seu lugar para “estancar a sangria” provocada pela Lava Jato entre os políticos.
Dilma acabou caindo, Temer a sucedeu, mas a sangria não foi estancada. Nem por isso os alvejados pela Lava Jato perderam a esperança de que seja de um momento para outro. Contam com o apoio de Temer, ele mesmo agora denunciado por corrupção.
De Raquel, esperam que se transforme numa nova engavetadora de processos como foi o Procurador Geral da República dos anos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Do ministro da Justiça, que ponha freios na Polícia Federal se possível trocando seu diretor.
De ministros do Supremo Tribunal Federal, que sejam mais duros com os procedimentos da Lava Jato. E que mudem de posição quanto à decisão tomada que permite o cumprimento imediato de pena para quem for condenado em segunda instância da Justiça.(Blog do Noblat)