Debatedores querem rejeição à venda de carros a diesel no País
Participantes de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável defenderam nesta quinta-feira (1º) a rejeição de projeto de lei (PL 1013/11) que permite a venda de carros de passeio movidos a diesel no Brasil.
A proposta está sendo analisada em uma comissão especial da Câmara, na qual o relator, deputado Evandro Roman (PSD-PR), recomenda a aprovação do texto. Roman foi à audiência pública e explicou sua posição.
“Nesta linha do respeito à Constituição, o artigo 5º diz que você tem o direito de escolha, e o Brasil é o único país que não dá esse direito do carro a diesel”. Segundo Roman, a tecnologia atual tornou o diesel bem menos poluente que a gasolina.
Mas a representante do Ministério do Meio Ambiente, Letícia de Carvalho, disse que, embora emitam menos gás carbônico, veículos movidos a diesel liberam no ambiente óxidos de nitrogênio em concentração muito alta, além de material particulado fino. Segundo ela, esse material penetra mais fácil no organismo, causando várias doenças.
Efeitos nocivos
Diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Miguel Ivan de Oliveira disse que os países que usam diesel em carros pequenos estão revendo a sua política por causa dos efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
“O diesel só é mais barato porque tem um subsídio comparado com os outros tipos de combustíveis. E isso ocorre para a comida chegar mais barata no prato. Nenhuma montadora no Brasil se arriscaria a vender um carro que tem que acabar em dez anos, que está em extinção. Isso seria para o carro importado, que geraria empregos lá no país de primeiro mundo até o payback (retorno de investimento) da fábrica vencer, e aí não exportaria mais.”
Oliveira defendeu o caminho atual do Brasil em direção aos investimentos em biocombustíveis. Essa política, explicou ele, fará com que o País contribua para a meta da Conferência do Clima de Paris de reduzir em até 43% a emissão de gases de efeito estufa até 2030.
Davi Martins, do Greenpeace, avaliou que os cenários do futuro apontam para o uso de carros híbridos, movidos a eletricidade e biocombustível, ou totalmente elétricos.
Acordos internacionais
Presidente da Comissão de Meio Ambiente, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) criticou o fato de o projeto estar sendo examinado por uma comissão especial criada pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; após ter sido rejeitado pela comissão que preside.
“A linha em que está indo o relatório desse projeto na comissão especial é completamente contra o que o Brasil assumiu de compromissos internacionais, seja nos objetivos do desenvolvimento sustentável, seja na agenda do clima; como também do que estão fazendo nos demais países do ponto de vista de investimentos, tecnologia e inovação.”
O projeto que autoriza a venda de carros a diesel no Brasil estava sendo analisado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, mas teve alterada sua tramitação quando foi criada a comissão especial, em 2015.
Câmara Notícias