Saúde

USP desenvolve antisséptico bucal de chá verde que pode ser ingerido após o uso

Um grupo de pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP), desenvolveu um enxaguante bucal à base de chá verde, que pode ser engolido após o bochecho, sem efeitos colaterais.

A substância já foi patenteada e está em fase de negociação com investidores interessados. A expectativa é de que o produto chegue aos consumidores em seis meses.

Na composição, o antisséptico concentra catequina epigalocatequina-3-galato (ECGC), uma das substâncias da planta Camellia sinensis, cujo chá já é conhecido por diferentes benefícios à saúde e importante aliado da perda de peso.

Na pesquisa, o componente também se mostrou benéfico para os dentes, com potencial de reduzir a placa bacteriana e, consequentemente, prevenir cáries e gengivites.

A pesquisadora Marina Moscardini Vilela diz que o enxaguante natural não tem digluconato de clorexidina, encontrado nos produtos convencionais e cujo uso prolongado pode causar problemas como erosão, descoloração dos dentes e perda da sensibilidade oral.

“Ele não tem os efeitos colaterais dos enxaguatórios e tem aceitação melhor pelos pacientes, inclusive por crianças, porque não tem um sabor desagradável”, afirma.

O auxiliar de administração Matheus Morelli Zanela testou o novo produto e confirmou ter sentido o hálito mais fresco. “É um sabor bem neutro, não é doce nem amargo”, afirma.

A pesquisa

A professora do departamento de odontopediatria da USP Andiara de Rossi conta que as propriedades do chá verde como enxaguante bucal foram descobertas no decorrer de uma pesquisa a respeito de seus efeitos na reparação óssea associada a problemas dentais.

“Depois do desenvolvimento dessa primeira aplicação já patenteada, nos vimos que esse extrato também poderia desempenhar um papel importante tanto anti-inflamatório como antimicrobiano, antierosivo, mineralizador e cicatrizante como enxaguatório bucal”, diz.

Ao expor a saliva de uma pessoa em condições de saúde normais ao chá verde, o grupo confirmou que o nível de microrganismos havia caído, sobretudo por causa da catequina presente na planta.

Com base nesse resultado, os pesquisadores isolaram a substância e a concentraram em um chá verde mais forte, e específico para o enxágue bucal. O grupo submeteu o antisséptico a testes físicos e químicos, que confirmaram que o produto não causa riscos à saúde humana.

“O chá verde de casa [convencional] tem efeito também, mas como não é composto apenas por essa catequina, o efeito é diluído. Mas o efeito também existe. Por isso desenvolvemos uma formulação com esse extrato que é mais potente, que pode ser mantido nas prateleiras e armazenado por um longo período de tempo”, afirma.(G1)

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