Proposta de orçamento de Trump corta programas sociais e de saúde
A Casa Branca divulgou nesta terça-feira (23) a proposta orçamentária do governo Trump para o ano fiscal de 2018 com projeções de 10 anos para gastos para a maior parte das áreas do governo. No total, o plano sugere um corte de US$ 3,6 trilhões e o gasto de US$ 4,1 trilhões. O plano corta significativamente o financiamento dos Estados Unidos para assistência aos norte-americanos de baixa renda e para programas globais de saúde, auxílio alimentar, manutenção da paz, intercâmbios educacionais e culturais e programas de mudança climática.
A proposta de Trump corta o orçamento de dois programas que oferecem seguro de saúde a famílias pobres – o Medicaid e o Children’s Health Insurance – em US$ 616 bilhões em uma década. Também reduz em US$ 191 bilhões o auxílio refeição.
O financiamento norte-americano de programas globais de saúde, incluindo esforços focados em tuberculose, HIV/Aids e malária terão um corte de 24% segundo o orçamento de Trump, para aproximadamente US$ 6,5 bilhões em 2018, de acordo com a proposta.
A proposta orçamentária também inclui um corte de 44% do financiamento de organizações internacionais, mas não diz exatamente o que pode ser cortado, além do “financiamento para organizações que trabalham contra o interesse das políticas externas dos Estados Unidos”. A proposta orçamentária diz que a aliança militar da Otan “continuará a ser totalmente financiada”.
Por outro lado, propõe o aumento de 10% no orçamento destinado atualmente aos militares. A proposta acrescentaria US$ 469 bilhões para os gastos de defesa na próxima década.
O plano foi divulgado enquanto Trump está fora do país, em sua primeira viagem ao exterior, que inclui visitas a Arábia Saudita, Israel, Itália e Bruxelas.
A proposta do governo vai passar pelas duas casas do Congresso dos EUA e depois vai a comitês, antes de ser consolidado como o orçamento final. Republicanos que controlam o Congresso dos EUA vão decidir se farão os sensíveis cortes políticos e a proposta em sua forma atual é pouco provável de ser aprovada.
Construção do muro
No plano, o presidente propõe ao Congresso US$ 2,6 bilhões para a segurança na fronteira, que inclui US$ 1,6 bilhão para dar início à construção de um muro ao longo da fronteira com o México, bem abaixo da quantia necessária para o projeto fortemente criticado por democratas e até mesmo alguns republicanos conservadores. Um plano do Departamento de Segurança Interna estimava em fevereiro o custo total de US$ 21,6 bilhões pelo muro.
Dois assessores republicanos no Congresso disseram que o pedido modesto é um reconhecimento da Casa Branca de que o financiamento total não é realista, dada a oposição de conservadores do grupo Freedom Caucus na Câmara dos Deputados, assim como democratas na Câmara e no Senado.
A não ser que Trump consiga reunir maior apoio e maior financiamento para a construção em outro ano fiscal, seus planos para um “belo grande muro” que prometeu durante campanha eleitoral no ano passado podem não se realizar, disseram os assessores. O documento divulgado nesta terça não inclui um plano de 10 anos para financiamento da construção do muro.
“Estamos absolutamente sérios sobre o muro”, disse nesta terça-feira o diretor orçamentário da Casa Branca, Mick Mulvaney, a repórteres. Ele disse que o governo Trump ainda está revisando protótipos para determinar se irá construir cercas, um muro de tijolos e argamassa ou outro tipo de estrutura.
A quantia de US$ 1,6 bilhão iria permitir ao governo a construção de somente partes do muro proposto.
Trump havia dito que iria encontrar uma maneira para o México pagar os EUA pela construção do muro, mas que o Congresso teria que financiá-lo primeiro. Membros do Freedom Caucus da Câmara disseram anteriormente neste ano que Trump teria que mostrar como iria recompensar o custo do muro, ao qual democratas são categoricamente opostos.
(G1)