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Mal de Parkinson pode ser tratado com vírus que reprograma células no cérebro

O Mal de Parkinson, uma doença que afeta cerca de 200 mil pessoas no Brasil, pode limitar os movimentos e, por ainda não ter explicações científicas precisas, o caminho para a cura ainda é muito longo. Nesta terça-feira (11), é comemorado o dia da conscientização e cuidados com a doença no mundo todo, e nada melhor para celebrar essa data do que a notícia de que novos estudos revelaram uma maneira que poderia ser a solução para o tratamento: o uso de um vírus que reprograma as células do cérebro.

Pessoas que sofrem com o Parkinson têm dificuldade em controlar seus movimentos devido à morte de neurônios que produzem dopamina, uma substância sinalizadora cerebral. Até o momento, uma das saídas para o tratamento da doença seria o transplante de células fetais, que tem se mostrado uma promessa para a substituição desses neurônios mortos.

Porém, o tecido do transplante vem de gravidezes abortadas, o que significa que é escasso, e algumas pessoas podem achar esse método eticamente errado. Além disso, os receptores dessas células precisam tomar remédios imunossupressores.

Vírus pode ser a solução

Ernest Arenas, do Instituto Karolinska em Estocolmo, na Suécia, e sua equipe encontraram uma nova maneira de fazer a substituição dos neurônios. Apesar de radical, o experimento consistiu em injetar um vírus nos cérebros de ratos cujos neurônios da dopamina haviam sido destruídos. Este vírus foi projetado para transportar quatro genes para reprogramar os astrócitos, células de suporte do cérebro, em neurônios da dopamina.

Cinco semanas depois, a equipe viu melhorias na forma como os ratos se movimentaram. “Eles caminharam melhor e seu andar mostrou menos assimetria do que de costume”, disse Arenas ao New Scientist. Este é o primeiro estudo a mostrar que a reprogramação de células no cérebro vivo pode levar a tais melhorias, afirmou ele.

Células humanas

O efeito do vírus foi localizado na área específica onde a equipe os injetou. Eles não viram os astrócitos se transformarem em neurônios da dopamina em nenhuma outra área do cérebro, nem havia sinais de tumores ou outros efeitos indesejáveis.

A equipe também usou os mesmos quatro genes para converter os astrócitos humanos em neurônios da dopamina em um prato, sugerindo que uma técnica como essa pode ser possível nas pessoas. No entanto, Arenas explica cuidadosamente que está checando a segurança do procedimento e que melhorias técnicas são necessárias antes de ser aplicado em humanos.

“A questão crucial será saber se isso funcionaria no cérebro humano envelhecido e se geraria células dopaminérgicas do tipo certo que pudessem se conectar ao cérebro da mesma forma que as células dopamínicas transplantadas”, ponderou Roger Barker, da Universidade de Cambridge, que lidera o estudo de transplante fetal para tratamento do Parkinson.

Não há cura

Apesar de já ser conhecida há bastante tempo pela ciência, ainda não há informações completas e suficientes que ajudem a desenvolver tratamentos precisos, métodos de prevenção ou cura.

“O que sabemos é que há uma perda de neurônios que reduz os níveis de uma substância chamada dopamina. Por isso, quem é afetado começa a sentir os sintomas mais comuns, como o tremor, lentidão, perda de equilíbrio e rigidez”, explica a doutora Carolina Candeias, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

A doença é neurodegenerativa, ou seja, há a destruição progressiva e irreversível dos neurônios, que são as células que fazem o sistema nervoso funcionar. Nesses casos, com o tempo, a vítima perde os movimentos e a capacidade cognitiva.

Causa

Segundo a especialista, ainda não existem estudos que comprovem o que causa a doença. “Há vários fatores que influenciam, e a junção deles pode ajudar a um diagnóstico mais preciso. Mas ainda há muitos pontos que precisam ser esclarecidos”, afirmou Carolina.

Com o envelhecimento, é natural que a morte progressiva das células nervosas aconteçam. Mas, a diferença é que o parkinsoniano tem essa perda muito acelerada. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a neurologista afirma que o Parkinson não é herança de família..

Diagnóstico

Por isso, o diagnóstico é clínico. “Não existe nenhum exame que determine com certeza o Parkinson. Ao constatar que o paciente tem a doença é preciso ser levado em conta o histórico e exames físicos”, explica ela. “E depende de cada caso”, completa.

De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein a doença começa a ser notada pela lentidão motora, a rigidez entre as articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e tornozelo, os tremores de repouso, geralmente nos membros superiores e predominantes em apenas um lado do corpo e, finalmente, o desequilíbrio. Estes são os chamados “sintomas motores” da doença, mas podem ocorrer também “sintomas não-motores” como diminuição do olfato, alterações intestinais e do sono.

Essas mudanças começam a acontecer quando a pessoa tem entre 50 a 60 anos, mas em alguns casos raros, é possível perceber a doença antes dessa idade.

Não há prevenção comprovada

Cientistas e médicos ainda não conseguiram comprovar como prevenir a doença. O que se sabe é que o risco aumenta com a progressão da idade, e atitudes que compõem uma vida saudável, como alimentação saudável, evitar fumar e ingestão de bebidas alcoólicas, manter a mente e o corpo ativos também ajudam a fazer com que a pessoa com Parkinson seja menos afetada, segundo Carolina.

O tratamento ajuda a diminuir os sintomas. “A combinação do uso de medicamentos, sejam eles comprimidos ou adesivos, acompanhamento com um neurologista, fisioterapeuta somadas a pratica de atividades físicas ajudam a aumentar a qualidade de vida do paciente”, afirmou a neurologista.

“É importante ressaltar que a família da pessoa com Parkinson precisa apoiar a pessoa e assim que notar os sintomas, procurar ajuda médica”, finaliza a especialista.

Fonte: iG 

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