Artigo de alertar: O Brasil dos 358 dias
Pois é, 365 – 7 = 358. Essa é a matemática real para o povo brasileiro. Um ano tem 365 dias, mas, para muitos, a vida só parece valer por apenas sete.
Durante 358 dias, uma grande parcela da população enfrenta dificuldades extremas: falta de educação, saúde precária, transporte ineficiente, desemprego, ausência de saneamento básico e, para muitos, até mesmo a fome. Mas, por sete dias, tudo isso parece desaparecer. O Carnaval chega e, com ele, a explosão de alegria.
Atrás do trio elétrico, na avenida do samba, nos blocos carnavalescos, as pessoas extravasam suas emoções. Pulam, cantam, sorriem, vibram ao ver sua escola de samba favorita ser campeã. O êxtase de ver o cantor preferido no alto do trio é contagiante. Mas, quando os sete dias de folia terminam, a dura realidade volta a cobrar seu preço – e ele é alto.
Será que esse povo não poderia sorrir durante os 365 dias do ano?
Por que não oferecer melhores condições de vida, garantindo atendimento digno nos hospitais, unidades de emergência funcionando 24 horas, médicos disponíveis, exames de alta complexidade sem espera interminável, regulação eficiente e tratamentos acessíveis? Por que essa estrutura não existe o ano todo, permitindo que a felicidade do Carnaval seja autêntica e não apenas uma fuga momentânea da realidade?
Onde estão aqueles que deveriam garantir esses direitos? Curiosamente, muitos desses “responsáveis” também estão na folia, aproveitando o Carnaval para vender a ilusão de que tudo está bem. Alguns até usam esse palco para ganhar visibilidade, enquanto, nos bastidores, nada fazem para mudar a vida daqueles que, após a festa, voltam a sofrer.
Este texto não critica a alegria do povo – ao contrário, é um alerta. O Brasil precisa, urgentemente, descobrir sua verdadeira identidade e lutar por dias melhores. Um país forte e digno não pode se resumir a sete dias de festa, mas deve garantir orgulho e felicidade para seu povo o ano inteiro.
Visão Cidade