PT defende “diretas, já!” para derrubar Temer e beneficiar Lula
Quando estava na oposição, o PT e seus aliados à esquerda defenderam o impeachment de todos os presidentes eleitos depois do fim da ditatura militar de 64, que durou 21 longos e tenebrosos anos.
De todos os presidentes, exagero. De quase todos. A saber: Fernando Collor, que sucedeu a José Sarney; e Fernando Henrique Cardoso que sucedeu a Itamar Franco.
A oposição ao primeiro governo de Lula pensou em pedir o impeachment dele por causa do escândalo do mensalão. Foi acusada pelo PT de pretender dar um golpe. Ela nem chegou a propor o impeachment.
Via o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff negociou com Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, a salvação do mandato dele, acusado de quebra de decoro, em troca da salvação do mandato dela.
O acordo só não foi selado porque o PT, com receio de se desgastar ainda mais, negou os votos que salvariam o mandato de Cunha. O resto é história conhecida: Cunha aceitou o pedido de impeachment contra Dilma. E ela acabou caindo antes dele.
De volta à oposição, o PT que classifica o governo Temer de golpista agora prega “diretas, já!”. Na boca do PT, “diretas, já!” significa o impeachment de Temer. Não há mais tempo para se eleger um novo presidente ainda este ano.
E se a eleição acontecer no próximo manda a Constituição que o presidente seja escolhido pelo Congresso. Eleição presidencial pelo voto popular só em 2018. Duvido que os brasileiros queiram um presidente eleito por este Congresso.
Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, 63% preferem uma eleição direta para a escolha do sucessor de Temer, caso ele não complete o mandato. Mas não é por pensar como a maioria que o PT defende “diretas, já”. É por oportunismo. É para depor Temer.
É também porque a eleição em breve de um presidente para suceder Temer poderia ser disputada por Lula. Ele só se tornará inelegível caso o juiz Sérgio Moro o condene, e em seguida, a sentença seja confirmada pela Justiça em segunda instância. Levará tempo.
“Diretas, já” é uma tese muito cara aos brasileiros, que a defenderam para enfraquecer a ditadura militar de 64. Derrotada em 1984 pelo Congresso, a tese pavimentou a chegada ao poder de Tancredo Neves um ano depois pela via indireta.