Até onde vai a ‘amizade’ entre Putin e Trump?
A campanha eleitoral do republicano Donald Trump foi marcada por um “namoro” com o presidente russo, Vladimir Putin. A possibilidade de uma relação de amizade entre os líderes gerou preocupação na comunidade internacional quanto às consequências da mudança de posição de Washington com Moscou.
Confirmando sua intenção de elevar o patamar das relações diplomáticas, Trump anunciou nessa terça-feira o CEO da Exxon-Mobil, Rex Tillerson, para a Secretaria de Estado, um dos cargos mais importantes do governo e responsável por conduzir a política externa dos EUA. O engenheiro texano é um notório amigo de Putin e recebeu, em 2013, a medalha da “Ordem da Amizade” da Rússia.
O anúncio veio no mesmo dia em que o próprio presidente russo se disse pronto para um encontro com Trump, mesmo em meio à acusação da CIA de que hackers de Moscou teriam interferido nas eleições de novembro e vazado documentos secretos da candidata democrata, Hillary Clinton. Todos os indícios apontam que o magnata está decidido a consertar os laços com Moscou. Além de alterar a conjuntura internacional, esta nova relação colocará o Trump diante de interesses conflitantes históricos entre EUA e Rússia.
Um dos pontos mais intricados é a crise na Síria. Se seu governo buscar uma aliança com a Rússia para combater o Estado Islâmico (EI), terá que prever o cenário posterior, ou seja, se aceitará o governo do ditador Bashar Assad. “Se Assad ficar no poder, significa uma importante vitória para Putin, que, desde o início da guerra na Síria, dizia que a oposição era formada por terroristas, enquanto os EUA armaram rebeldes e apoiaram a destituição do governo de Damasco”, disse à ANSA Sidney Ferreira Leite, professor de Relações Internacionais da Faculdade Belas Artes e especialista em Oriente Médio.(Veja)